Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – O Ibovespa tem leve alta após a criação de empregos nos Estados Unidos, chamada de payroll, vir abaixo do esperado e alimentar expectativas de corte de juros. No entanto, investidores ainda esperam um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, previsto para às 13h30, para consolidar as apostar de cortes. Entre as ações, as de bancos ajudam a sustentar a alta do índice ainda subindo na esteira do otimismo de ontem, enquanto as ações da Vale e da Petrobras mostram fraqueza em função da queda dos preços de commodities.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa
registrava alta de 0,81% aos 103.075.52 pontos. O volume financeiro do mercado era
de aproximadamente R$ 7,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa
com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 1,09% aos 103.700
pontos.
O foco dos investidores segue no cenário externo, onde um
dos indicadores mais esperado pelo mercado, o payroll mostrou a criação de 130
mil vagas, abaixo da expectativa de 147,5 mil vagas estimada por analistas. O
dado elevou expectativas de cortes de juros na reunião deste mês do Fed, embora
ainda haja dúvidas sobre o tamanho do corte.
“Tivemos o payroll hoje e desde ontem o clima já
está melhor com a notícia da reunião entre a China e os Estados Unidos. Os
bancos também tão com alta firme hoje de novo, sustentando o índice”,
disse o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa.
Além do payroll, o mercado deverá aguardar o Powell,
embora o economista da Codepe acredita que que o discurso possa não trazer
novidades, mantendo o tom da sua última fala, que sinalizou nova queda de
juros, mas não de forma agressiva.
Ainda no exterior, que o Banco do Povo da China (Pboc, o
banco central do país) decidiu cortar a taxa de compulsório bancário em 0,50
ponto percentual (pp) no dia 16 de setembro, para estimular a economia do país.
Entre as ações, as de bancos estão novamente entre as
maiores altas do índice, com destaque para as do Santander, do Banco do Brasil
e do Bradesco. Ontem, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto,
disse que o BC estuda projetos que podem reduzir os depósitos compulsórios de
forma significativa, o que refletiu nos papéis do setor, que vinham de quedas
nos últimos meses.
Ao lado dos bancos, também estão novamente as ações do
setor áereo, Gol e Azul. Ontem, as companhias divulgaram dados fortes de
demanda e a queda maior do dólar hoje também beneficia o setor.
Na contramão, os papéis da Vale e as da Petrobras caem
refletindo as quedas dos preços do minério de ferro e do petróleo. Já as
maiores quedas do índice são B2W, da MRV e da Eletrobras.
O dólar comercial tem queda firme frente ao real,
renovando mínimas ao nível de R$ 4,05, reagindo ao exterior positivo após a
divulgação dos dados de trabalho dos Estados Unidos em agosto, o payroll. O bom
humor na sessão pode ser ampliado no início da tarde quando o presidente do Fed
discursará sobre a política monetária do país e investidores aguardam pistas
sobre o futuro da taxa de juros norte-americana.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda
de 1,11%, sendo negociado a R$ 4,0640 para venda. No mercado futuro, o contrato
da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava recuo de
1,16%, cotado a R$ 4,066.
Na avaliação do economista da Tendências Consultoria,
Silvio Campos, os números do payroll ficaram mistos, mesmo com a criação de
vagas de trabalho abaixo do esperado, a 130 mil vagas ante projeção de 147,5
mil postos. “Teve uma resistência dos salários, com a renda do trabalhador
ficando um pouco acima do registrado em julho. Mas acende um alerta de que o
Fed deverá promover uma queda de juros no meio do mês”, avalia.
Campos reforça que o real tem um dos melhores desempenhos
entre as moedas globais e pode estar associado ao deslocamento da moeda ontem,
próximo ao fechamento do mercado à vista, quando houve inversão de sinal e
dólar fechou em alta, indo a R$ 4,11. “Também há um pouco de devolução
dessa alta inesperada ontem, o que resulta em uma alta mais intensa da nossa
moeda”, ressalta.
O dólar tem força para seguir em queda ao longo da
sessão, mas investidores aguardam atentos ao discurso de Powell, no início da
tarde. Para oeconomista, essa deve ser a última “manifestação” do presidente
do Fed antes da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês)
no dia 18.
“Ele deve dar algum sinal sobre o movimento que o
Fed fará, mas sempre mantendo a linha cautelosa da autoridade monetária. Agora,
caso o discurso siga na linha conservadora, podemos ter um dólar pressionado em
meio à frustração dos investidores”, avalia.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) acentuaram
a queda e atingiram os níveis mais baixos da sessão, acompanhando o recuo
acelerado do dólar. Os dados sobre a inflação ao consumidor no Brasil (IPCA)
pavimentaram o caminho para novos cortes na Selic, com os investidores vendo
chance de queda neste e no próximo mês.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,335%,
de 5,36% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 5,36%,
de 5,39%; o DI para janeiro de 2023 estava em 6,42%, de 6,43% após o ajuste
anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,98%, de 6,98%, na mesma
comparação.