São Paulo – A pandemia do novo coronavírus intensificou a rivalidade entre os Estados Unidos e a China, o que deve gerar instabilidade este ano, segundo o relatório sobre riscos em 2021 do Fórum Econômico Mundial, com opiniões de executivos e especialistas associados.
“A covid-19 entrincheirou o poder estatal e intensificou a rivalidade entre os Estados Unidos e China”, diz o relatório. Segundo os especialistas, a nova administração norte-americana deve identificar áreas de cooperação com os chineses como mudanças climáticas e combate a pandemia.
Porém, “no longo prazo a ‘alavancagem coletiva’ contra a China dos Estados Unidos e seus aliados próximos aprofundará a competição”, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.
Com isso, outras potências regionais serão pressionadas a escolher lados, enfrentando consequências econômica ou diplomáticas na medida em que as disputas avançam pelo controle econômico de recursos geográficos. Segundo o relatório, a pandemia dificulta a diplomacia, que passa a ser feita por meios digitais.
“Com algumas alianças enfraquecendo, relacionamentos diplomáticos se tornarão mais instáveis em pontos onde placas tectônicas de superpotência encontram-se ou retiram-se”. Alguns governos podem ver a solidificação de blocos rivais como oportunidade de definir posturas regionais.
“Em todas as sociedades, discórdias domésticas e crises econômicas aumentarão o risco de autocracias, com correspondentes censura, vigilância, restrição de movimento e revogação de direitos”.
Além disso, a crise de covid-19 revelou os laços tênues do sistema internacional, com tendências de enfraquecimento ainda maior do multilateralismo sustentado por normas comuns. “A intensificação da concorrência EUA-China, o uso mais agressivo de ferramentas subversivas de influência geopolítica e o crescente nacionalismo estão alimentando a mudança de uma ordem global baseada em regras para uma baseada em poder”.
Segundo os especialistas, “o desenvolvimento de vacinas múltiplas pode anunciar o início da recuperação da crise de covid-19, mas as fissuras estruturais que a crise exacerbou, de bem-estar individual à resiliência social e estabilidade global, ameaçam fazer essa recuperação profundamente desigual”.
O Fórum Econômico Mundial, tradicionalmente realizado em Davos, na Suíça, este ano ocorrerá entre os dias 25 e 28 de maio, em Singapura.