São Paulo – O Pão de Açúcar disse que o seu foco atual está em alcançar melhoria de margem, redução de quebra e diminuição das despesas, informou o presidente do Pão de Açúcar, Marcelo Pimentel, em teleconferência de resultados realizada na manhã desta terça-feira. A companhia também busca fortalecer sua operação “multicanal” e oferta de produtos e serviços com maior valor agregado e foco em público de alta renda.
A companhia buscará uma recuperação gradual da margem ebitda ajustada para 8% a 9% em 2024, como foco na melhoria da margem comercial (projetos em andamento); redução da quebra (projetos e processos em andamento); redução de 1,0 p.p. na quebra 4Q22 vs. 1Q22; e em despesas gerais e administrativas (SG&A, na sigla em inglês) com o redimensionamento de sua sede 100% concluído e mais projetos em andamento. No 4T22, diluição de 2,2 p.p. em relação a receita.
Durante a teleconferência, os analistas consideraram que houve uma compressão de margem bruta expressiva no balanço reportado ontem à noite. A companhia encerrou 2022 com ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado pro forma de R$ 297 milhões no 4T22 e a margem ebitda ajustada de 6,1% vs. 8,4% no 4T21.
A companhia atribuiu a redução das margens no 4T22 à elevação de custos logísticos e disse que está trabalhando com renegociação comercial, revisão de contratos comerciais, ajuste de malha logística para reduzir custos e adequação à operação atual.
“Em 2022, houve redução de 4 dias de estoque e já terá redução no 1T23 e em 2023. O fechamento de James Delivery e transição para GPA também gerou impacto, mas a companhia espera começar a ver melhorias com essa mudança a partir de 2023”, disse Marcelo Pimentel, na teleconferência.
A varejista também prevê fechar 2023 com 100% parque de lojas Pão de Açúcar no modelo G7 que, segundo os executivos, representa 60% das vendas da companhia. Por isso, no 4T22, fez 24 reformas para esse modelo. Segundo a varejista, o G7 “traz revitalização do fluxo, destaque para os produtos frescos e ambientes de atendimento e integração da transformação digital no processo de compra.”
O Pão de Açúcar encerrou o ano passado com 72 novas lojas, sendo 29 no formato Minuto Pão de Açúcar, 4 Pão de Açúcar e 6 Mini Extra.
As despesas com vendas, gerais e administrativas tiveram uma redução de 1,8% no 4T22, na comparação anual, representando 17,0% da receita líquida, ganhando 2,2 p.p. de eficiência na comparação com o 4T21 e 1,5 p.p. vs. 3T22.
A varejista também reportou a provisão de R$ 660 milhões para ações trabalhistas em 2022.
A companhia disse que atualmente é a melhor operação de venda de alimentos nos aplicativos Mercado Livre e Ifood. A companhia espera alcançar a 15% de penetração ao final de 2023 nessas plataformas.
A companhia disse estar migrando sua base de 30 milhões de clientes em CRM para um sistema mais customizado, com foco na redução do custo de aquisição de clientes.
A mudança de estratégia para ser um varejista “multicanal” e para tornar a companhia uma operação de varejo alimentar “premium” pede que alguns produtos tenham recomposição de margem buscando fidelização e recorrência de clientes.
“A redução de dias de estoque é muito importante para reduzir o custo de capital, aumentar o giro e reduzir despesas, para adequar a esse novo modelo de negócio”, acrescentou o diretor, que reiterou que a companhia já vêm obtendo melhorias nessas frentes.
Até o final de março, a companhia disse que vai lançar um novo modelo de segmentação de loja, para aprimorar sua atuação no segmento premium, aumentar a fidelização de clientes e fortalecer sua presença em perecíveis com serviços de café e pizza, por exemplo.
Na bandeira Extra, que é mais sensível a preços, os esforços da companhia estão direcionados para o fortalecimento de parcerias comerciais.
A varejista disse que o desempenho de datas sazonais, como Natal e Black Friday, traz uma demanda de curto prazo, de cerca de 10 dias perto da data comemorativa. “A categoria bomboniere (chocolates) como um todo vem mostrando um bom resultado independente de datas sazonais.”
SEGREGAÇÃO DA ÉXITO
A dívida líquida em 2022 foi de R$ 2 bilhões e alavancagem de 2,3 vezes, considerando a venda do Grupo Éxito. Com Éxito, sobe para R$ 2,9 bilhões e relação dívida líquida sobre ebitda de 2,5 vezes. As vendas totais do Grupo Éxito somaram R$ 7,8 bilhões no 4T22 (-6,8% em base anual impactada, principalmente, pela forte depreciação do peso colombiano vs. o real no período (-22%).
Em relação à segregação do Éxito, a companhia concluiu negociações com credores bancários, o arquivamento do programa de BDR Nível II na CVM e aprovou a redução de capital em assembleia, processo que tem prazo de oposição legal de 60 dias com credores (15/4). Ainda falta finalizar o arquivamento do programa de ADR Nível II, em andamento, e os registros e distribuição dos BDRs e ADRs da Éxito na CVM, B3 e Securities and Exchange Comission (SEC, órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários nos Estados Unidos), previsto para o 2T23. A conclusão dos BRDs deve ser concluída até o 2T23 segundo a companhia.