Para abaixar inflação, precisamos considerar ambiente de incerteza, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em um discurso hoje (22) mais cedo, disse que o banco vai se manter no compromisso de reduzir a inflação à meta de 2% no médio prazo, e que precisa levar em consideração a alta instabilidade do setor bancário das últimas semanas.

“Para atingir esse objetivo precisamos de uma estratégia robusta, que leve em consideração os altos níveis de incerteza que enfrentamos hoje. Como John Maynard Keynes observou certa vez, ‘seria tolice, ao formar nossas expectativas, atribuir grande peso a questões que são muito incertas'”.

Ela lembrou que a política monetária não é atrelada ao mercado financeiro. “Ao mesmo tempo, não há compromisso entre estabilidade de preços e estabilidade financeira. Temos muitas ferramentas para fornecer suporte de liquidez ao sistema financeiro, se necessário, e para preservar a transmissão harmoniosa da política monetária”.

Lagarde fez um retrospecto de como a inflação na zona do euro subiu a níveis nunca vistos antes no bloco econômico, e que o BCE precisou subir a taxa de juros em 350 pp para fazer um trabalho de contenção. “Precisávamos trazer as taxas para níveis suficientemente restritivos para conter a demanda. E, ao fazer isso, poderíamos manter um controle firme sobre as expectativas de inflação e garantir que elas permaneçam ancoradas”.

Outro detalhe é sobre o sistema de transmissão da política monetária: houve uma contração da demanda doméstica que é mostrada pela redução do crescimento nos últimos meses -, mas há ainda um mercado de trabalho aquecido. Ainda assim, o aumento dos juros na zona do euro para conter a inflação começou a mostrar resultados mais recentemente.

“O custo dos empréstimos está aumentando acentuadamente e a dinâmica dos empréstimos parece estar se contraindo mais rapidamente do que durante os ciclos de alta anteriores. O crescimento do crédito às empresas caiu acentuadamente desde o terceiro trimestre do ano passado”.

Por fim, ela disse que as incertezas da atualidade não devem tirar o BCE do seu objetivo, de reduzir a inflação. “Diante de um mundo que está mudando mais rápido do que qualquer um de nós poderia imaginar, precisamos estar focados em nosso objetivo e robustos em nossa estratégia para alcançá-lo”, concluiu.