‘Para destruir vidas, os países ricos investem muito mais’, diz Lula no final da Cúpula do G20

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São Paulo, 19 de novembro de 2024 – Após cancelar a coletiva que concederia na tarde desta terça-feira na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, participou do anúncio dos resultados da Rodada de Investimento com a Organização Mundial da Saúde (OMS), junto com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e com a ministra da Saúde, Nisia Trindade.

Lula perguntou qual era o orçamento destinado à OMS e disse que o motivo da pergunta era para comparar com o valor destinado às guerras.

“Enquanto a OMS recebe US$ 2 bi para a saúde, guerras recebem US$ 3 tri. Para destruir vidas, os países ricos investem muito mais do que para salvar vidas”, disse.

Lula disse que vai cobrar o presidente do G20 sobre o quanto está sendo colocado na OMS e também disse que a desigualdade também pôde ser vista durante a pandemia, quando alguns países tinham vacinas sobrando e países pobres não tinham imunizantes suficientes.

A ministra da Saúde, Nisia Trindade, disse que o objetivo do anúncio era apresentar o que será feito pelo diretor-geral da OMS. “O resultado de um trabalho que, sob a liderança do presidente Lula, levamos ao Grupo de Trabalho da Saúde do G20 e foi reafirmado na declaração final.”

“O grande destaque é sobre o papel da Organização Mundial da Saúde, cuja criação também foi uma iniciativa, após a Segunda Guerra Mundial, do Brasil e de outros países.”

“O Brasil reafirma seu papel de defesa do multilateralismo, em prol da saúde global, do acesso ativo à saúde”, declarou a ministra na abertura da sessão.

Segundo a ministra, a rodada de investimentos refere-se à capacidade de dar sustentabilidade ao sistema multilateral de saúde, algo que está diretamente ligado a uma das prioridades do Brasil nesta Cúpula do G20 e que também foi afirmada na declaração final, ou seja, repensar a governança global, fortalecendo a equidade e a justiça entre os países.

“Essa visão reforça o trabalho junto à OMS para fortalecer esses objetivos de multilateralismo e equidade global no acesso à saúde.”

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, anunciou o orçamento de US$ 2,5 bilhões anuais, que pode ser aumentado para US$ 3,5 bilhões anuais em casos de emergência.

“Eu agradeço o presidente Lula por sua liderança durante a Cúpula do G20 e o fortalecimento da rodada de investimentos, que é sobre mobilizar recursos para poder implementar a estratégia global da OMS para manter o mundo seguro e salvar 40 milhões de vidas durante os próximos 4 anos. Hoje é um passo natural, um processo que é contínuo desde a pandemia de Covid, quando os líderes do G20 se reuniam para fomentar um mundo mais justo e mais seguro. A rodada de investimentos da OMS oferece uma contribuição essencial para esse esforço, fornecendo recursos para a nossa estratégia global para fortalecer a saúde nos nossos 194 Estados-membro”, comentou Tedros Adhanom.

Ele também destacou os apoios da França, Mauritânia do Sul, Austrália, India, Indonésia, Malásia, Noruega, Qatar, Singapura, África do Sul, Espanha, Tanzânia, Turquia e União Europeia pelo novo financiamento com o qual se comprometeram.

“Recebemos 70 promessas que equivalem US$ 1,7 bilhão, das quais, mais da metade são de contribuidores inéditos à OMS e também 21 países de renda média no mundo inteiro. Com essa rodada de investimentos, poderemos receber US$ 3,7 bilhões, que é a contribuição que precisamos para realizar a estratégia durante 4 anos”, disse o diretor-geral da OMS.

Segundo ele, isso é significativo, porque nas últimas décadas apenas uma pequena porção do orçamento total da OMS foi previsível e, agora, com esses recursos, será possível ter mais flexibilidade e previsibilidade.

Em dia de operação da PF, Lula cancela coletiva no G20

O Palácio do Planalto informou que a coletiva de imprensa do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que seria realizada na tarde desta terça-feira na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, foi cancelada. Jornalistas nacionais e internacionais foram mobilizados às 14h. Mais de duas horas depois, houve cancelamento da fala do presidente.

Na agenda do presidente Lula ainda estavam previstas, às 15h30, reunião com primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba e às 16h20, reunião com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

Segundo o portal “Metrópoles”, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) disse que Lula precisou antecipar uma reunião bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. Antes, Lula esteve com a delegação do Japão e, depois do compromisso com Starmer, não seria possível atender aos jornalistas, já que Lula precisa voltar a Brasília para recepcionar o presidente da China, Xi Jinping.

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (19) uma operação para desarticular organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o pleito de 2022. O plano incluía o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado Punhal Verde e Amarelo, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos”.

Os criminosos também planejavam restringir o livre exercício do Poder Judiciário. Ainda estavam nos planos a prisão e a execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado, destacou a PF.

Com informações da Agência Brasil.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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