São Paulo – Uma parte da desvalorização do real nas últimas sessões era injustificada do ponto de vista dos fundamentos e está inserida num contexto de fraqueza de moedas de países emergentes e de produtores de commodities decorrente de preocupações fiscais, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante um evento ocorrido ontem à noite. Ele afirmou, porém, que as intervenções feitas pelo BC no mercado foram para preservar a liquidez.
Durante o evento, promovido pela Empiricus e pela Arko Advice, Campos Neto disse que os preços das commodities estão subindo no mercado internacional, mas que as moedas de países ligados à produção destas matérias-primas não está seguindo este mesmo movimento, o que é incomum.
“As moedas de mercados emergentes não apreciaram como o usual. Não só não apreciaram as moedas de mercados emergentes como não apreciaram as moedas de países produtores de commodities. Vários fatores explicam descolamento. Um deles a percepção de fiscal pior”, disse ele, acrescentando que este grupo de países “se endividou muito nesta crise, não só na parte pública como na privada”.
“A pergunta é: será que estamos vivendo o fim de ambiente de liquidez mundial acentuada? Nós não sabemos, mas o que dá para dizer é que mercado está reprecificando”, disse o presidente do Banco Central – mencionando como exemplo a alta nas taxas de juros de títulos da dívida soberana dos Estados Unidos e das expectativas de inflação.
“O que vimos recentemente foi que nossa moeda voltou a sofrer mais que os pares, num momento em que entendemos que tem fragilidade externa que propicia esses movimentos de ataque. Entendemos que parte dos movimentos não era justificado pelos fundamentos, aumentamos a atuação no câmbio recentemente. O Brasil tem volume de reservas bastante grande, podemos continuar atuando da forma como entendemos mais razoável, sempre para preservar o que entendemos que são as condições de liquidez, sempre comparando com o que entendemos que são os fundamentos do Brasil”, afirmou.