São Paulo – O primeiro aviso referente à necessidade de apoio logístico para garantir o suprimento de oxigênio no estado do Amazonas no início deste ano foi feito em 7 de janeiro, afirmou Marcellus Campelo, ex-secretário de saúde do estado, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga erros e omissões do governo no combate à pandemia de covid-19.
Segundo ele, naquele dia houve uma reunião entre o governo do Amazonas e a White Martins, fornecedora de oxigênio hospitalar ao estado, em que a empresa consultou as autoridades a respeito do processo de abertura de novos leitos hospitalares e teria pedido que a ativação destes leitos fosse suspensa até que fosse possível garantir a oferta de oxigênio aos hospitais.
Na noite do mesmo dia, disse Campelo, a empresa voltou a procurá-lo para dizer que a partir de 9 de janeiro chegariam, a cada dois dias, balsas com carregamentos adicionais de oxigênio ao estado – a primeira delas com 52 mil metros cúbicos. A White Martins também teria, segundo o ex-secretário, pedido a ele que fizesse uma requisição administrativa de um estoque de 20 mil metros cúbicos de oxigênio da empresa Carbox, que estava se recusando a vender o material para a White Martins.
“Apesar de estar chegando oxigênio no sábado [9 de janeiro], por segurança era necessário ter essa reserva na rede”, disse Campelo, acrescentando que também em 7 de janeiro ligou para o ministro Eduardo Pazuello para falar a respeito do apoio logístico do governo federal à entrega de oxigênio prometido pela White Martins ao estado, que viria de Belém (PA).
Pazuello, segundo ele, teria dito que enviasse um ofício ao Comando Militar da Amazônia e que este apoio logístico já estaria pré-aprovado.
No dia 9 de janeiro, disse o ex-secretário, ficou evidente que a entrega de oxigênio via balsa prometida pela White Martins atrasaria, e a partir daí o governo do Amazonas enviou ofícios ao Ministério da Saúde naquele dia e nos dias 11, 12 e 13 de janeiro, e no dia 10 Campelo disse ter transmitido a Pazuello o receio de que não ocorreria as entregas da White Martins.
Ele disse que não houve comunicação das informações sobre falta de oxigênio anteriormente ao governo federal – por exemplo, no dia 4 de janeiro, durante a passagem de funcionários do Ministério por Manaus – “porque não havia sinais deste tipo de necessidade”.
A afirmação foi contestada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). “Já há documentos que esta CPI tem, da White Martins à secretaria, dizendo que em julho [de 2020] já estava preocupada com a explosão de consumo. Portanto estamos falando de julho de 2020, e as pessoas morreram por falta de oxigênio por volta do dia 8, dia 9 [de janeiro], seis meses para providenciar o oxigênio”