PERSPECTIVA BANCOS: Resultados vêm melhores com ampliação de linhas

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Por Allan Ravagnani

São Paulo – A temporada de balanços para o setor bancário, que se iniciou hoje (30) com a divulgação do balanço do Santander (alta de 19% no lucro líquido para R$ 3,705 bilhões), vai seguir a tradição do setor e os grandes players devem trazer fortes resultados no trimestre, puxados pelo crescimento na oferta de créditos mais rentáveis e ampliando seus mix de produtos.

Segundo os analistas ouvidos para esta matéria, os balanços serão impulsionados pelo crescimento do crédito nos empréstimos a varejo, às Pequenas e Médias Empresas, além das baixas taxas de inadimplência e crescimento de pagamentos eletrônicos.

Ainda assim, pode continuar havendo preocupações de concorrência potencial, especialmente nas receitas de taxas. Mas os grandes bancos já traçam estratégias para mitigar os danos com a entrada de fintecs e bancos digitais e já estão buscando rentabilizar em outros segmentos.

No Invesdor Day do Santander, o presidente Sérgio Rial afirmou que o banco investe em inovação e tecnologias, além de direcionar os esforços para modalidades mais lucrativas e abrir mão de algumas receitas. Foi o caso da Rede, empresa de maquininhas de cartão do Itaú, que abriu mão de disputar o mercado de grandes varejistas para focar nos pequenos comerciantes.

De acordo com os analistas do banco Credit Suisse, os grandes bancos privados deverão ter um crescimento médio de 9% em suas carteiras de empréstimo no terceiro trimestre na comparação anual.

De acordo com o Itaú BBA, as principais operações dos bancos brasileiros permanecem sólidas, como o crescimento da carteira de empréstimos, baixas taxas de inadimplência e maiores ganhos.

“Apesar da desvalorização do setor desde a última temporada, esperamos que o bom momento de ganhos para os bancos brasileiros continue, especialmente nos negócios de crédito. Os dados de agosto do banco central do Brasil indicam um aumento de 15% na comparação anual na carteira de crédito a varejo, taxas de inadimplência próximas a níveis históricos baixos (a 3,1% da carteira de crédito) e originação de crédito crescendo 7,9% anual”, diz a corretora.

O Banco Central do Brasil (BCB) divulgou na última sexta (25) que a carteira de crédito total apresentou uma alta de 1% na variação mensal, com destaque para carteira de crédito livre PJ, que avançou 250 bps na comparação mensal, enquanto a carteira PF avançou 110 bps.

No geral, os dados vieram positivos, especialmente para o segmento Pessoa Jurídica, que apresenta sinais de inversão da tendência de queda. Crédito ampliado ao setor não financeiro. Outro destaque dos dados divulgados foi a carteira de crédito ampliado, que atingiu a marca de R$ 10 trilhões. O crescimento foi de 9,1%, na comparação anual, com destaque para os títulos de dívida (+13,3% a/a), seguido da dívida externa (+6,4% a/a).

A inadimplência permaneceu praticamente inalterada, com PF e PJ apresentando comportamento opostos (a primeira cresceu 10bps e a segunda caiu na mesma magnitude, na comparação mensal).

De acordo com o BB Investimentos, os dados do setor nos meses de agosto e setembro surpreenderam positivamente, ao contrário de julho, que teve dois meses de altas expressivas, deixando para trás os dados dos sete primeiros meses do ano, marcados por quedas ou altas tímidas.

“Para a temporada de resultados esperamos resultados melhores, tendo como direcionador a estratégia adotada pelos bancos de alterar o mix das carteiras, priorizando linhas de crédito que possuem spreads mais elevados. Entretanto, essa estratégia leva para uma possibilidade de piora nos índices de inadimplência, que na nossa visão, acontecerá de forma muito branda, conforme os dados do BCB já vêm demonstrando no decorrer do trimestre”, diz o relatório do BB.

Apesar do comportamento mais tímido da atividade econômica ao longo do primeiro semestre, os reflexos da aprovação da reforma da Previdência nos indicadores de confiança e crescimento produzirão um cenário positivo para o desempenho dos bancos nos próximos trimestres, além de um possível acordo comercial entre Estados Unidos x China.

Ao longo do quarto trimestre, os analistas do BB esperam pela melhora no volume de concessões de crédito, principalmente PJ, como reflexo de uma melhora de confiança dos empresários, a melhora nos spreads praticados, com os bancos buscando priorizar linhas mais rentáveis, uma possível elevação nas taxas de inadimplência, como consequência da estratégia de aumentar o crédito.