Petrobras defende existência de combustíveis fósseis por mais algumas décadas

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São Paulo – O diretor de Desenvolvimento da Produção Petrobras, João Henrique Rittershaussen, disse na tarde de hoje que a matriz energética deve continuar sendo a baseada nos combustíveis fósseis, mesmo depois de 2050. O executivo participou do painel Inovações tecnológicas e descarbonização no setor de óleo e gás, que aconteceu dentro do congresso”Mercado Global de Carbono Descarbonização & Investimentos Verdes”, organizado pelo Banco do Brasil, Petrobras e governo federal.

O painel contou com representantes de empresas do setor de Óleo e Gás, e todos eles concordaram que não conseguem visualizar uma outra matriz energética que não a fóssil nas próximas décadas e que, por isso, é tão importante a descarbonização desse setor.

Acreditamos na transição, mas não se pode abrir mão da matriz de combustíveis fósseis de forma imediata. A energia tem custo representativo para as famílias e as empresas e cerca de 60% do caixa operacional da companhia, disse Rittershaussen. Se não houver investimento, a diminuição de petróleo vai causar falta de energia, no Brasil”, disse.

O executivo disse que a Petrobras está alinhada às diretrizes do Acordo de Paris, documento elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em alerta ao aquecimento global e às emissões de carbono na atmosfera. O Acordo de Paris fala da redução do uso de petróleo até 2040, mas o executivo disse que a mudança da matriz energética exige uma mudança comportamental e é “adequado esperar que o petróleo se mantenha na matriz energética por mais algumas décadas.”

De fato, relatório divulgado pelas Nações Unidas em outubro de 2021, mediu e comparou os níveisda produção planejada de carvão, petróleo e gás pelos governos e os níveis de produção global que seriam necessários para alcançar os limites de temperatura do Acordo de Paris e concluiu que dois anos depois, esta lacuna de produção está praticamente inalterada.

O representante da Petrobras indicou que o retorno que a exploração de combustíveis fósseis proporciona deve ser investido em busca de novas reservas.

O Vice-presidente da Shell Brasil, Flavio Rodrigues, disse que atualmente o retorno decorrente da exploração de óleoé muito maior do que das energias renováveis e que, por isso, esse deve ser o papel dessas empresas na transição energética. Temos papel na geração de recursos para investir e fazer a descarbonização nos locais onde a gente opera e que isso é possível.

Para que isso aconteça, o CEO Petrogal Brasil & Country Chair Galp, Daniel Elias, dise que é necessário que a indústria tenha conhecimento e infra-estrutura, as quais, na opinião dele, existe no setor de óleo e gás do Brasil.

O Óleo continua sendo a nossa principal matriz,mesmo depois de 2050, mas 40% abaixo de carbonização do nível mundial. O óleo vai se tornar mais eficiente.

ESTRATÉGIAS

A estratégia de baixo carbono da Petrobras, disse ele, consiste em uma produção de baixo custo de forma a manter a competitividade. conseguir produzir petróleo com baixa emissão enquanto gera valor. Estamos pensando em um barril de petróleo a US$35 no longo prazo.

Segundo o executivo, a Petrobras já reduziu quase metade das emissões, sobretudo, pela qualidade das tecnologias escolhidas, como por exemplo,as plataformas 100% elétricas, que reduzem em 20% as emissões de efeito estufa em relação aos modelos anteriores, segundo João Henrique Rittershaussen.

Outra iniciativa, uma tecnologia chamadaHisep separa o dióxido de carbono (CO2) e reinjeta gás com alto teor de CO2 no leito de submarino, de modo a facilitar a extração do óleo.

Nosso plano estratégico prevê investimento de US$ 2,6 bilhões em baixo carbono, e um Fundo Corporativo de US$ 248 milhões, ele concluiu.

Já a Shell disse ter “um compromisso claro com a transição energética” e que a remuneração dos colaboradores está conectada a essas metas Estamos investindo R$ 2 a 3 milhões de reais em energias renováveis e soluções baseadas na natureza. Estamos também alocando 27% do capex e opex emenergias renováveis e queremos aumentar para 45% até 2030, disse Flavio Rodrigues.

Adriano Bastos, CEO da BP Brasil, disse que a demanda de combustíveis fósseis do Brasil é três vezes maior que a da China. Estamos consumindo os recursos naturais do Planeta muito mais rápido do que ele é capaz de repor, concluiu.

Edição: Cynara Escobar / Agência CMA