Petrobras dita o ritmo e Bolsa fecha em alta; dólar cai

587

A Bolsa operou todo o pregão no positivo e fechou em alta de 1,24%, recuperando a faixa dos 105 mil pontos-105.811,71- em um dia de bom humor favorecido pelas ações da Petrobras e do setor financeiro, mesmo com a liquidez baixa por conta do feriado de Ação de Graças, nos Estados Unidos, em que as bolsas não abriram.

O mercado ficou animado com a divulgação do plano de investimento da Petrobras de US$68 bilhões no período de 2022 e 2026. Mas, foi principalmente o pagamento de dividendos aos acionistas que agradou os investidores.

Mais cedo, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da medida provisória que cria o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. Os parlamentares ainda devem votar os destaques, para assim seguir para o Senado e, posteriormente, para sanção do presidente Jair Bolsonaro. A data limite para a aprovação é 7 de dezembro.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 4,13% e 4,40%. O setor financeiro se recuperou das perdas recentes e fecharam em alta. Os papéis do Itaú (ITUB4) subiram 0,91% e do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) aumentaram 0,38% e 0,80%.

Paulo Provenzano, economista da Zahl Investimentos, comentou que a Bolsa tem um dia mais favorável com a ajuda da Petrobras. “O que colabora para o otimismo é o desempenho da Petrobras com o anúncio do plano de investimentos para quatro anos, somado a boa performance dos bancos”. O resultado do Indice de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que foi divulgado mais cedo, -subiu 1,17% na comparação mensal- “ficando em linha com o mercado e não refletiu negativamente na Bolsa”. No entanto, a taxa tem a maior variação para o mês desde 2002.

Provenzano enfatizou que a Bolsa estava muito descontada perante seus pares, e “do ponto de vista gráfico, ela rompeu uma resistência na faixa dos 105.400 e dá fôlego para buscar os 108 mil pontos”.

Piter Carvalho, economista da Valor Investimento, afirmou que a Bolsa está em um patamar positivo refletindo o anúncio da Petrobras de projetos de investimentos de US$ 68 bilhões entre 2022 e 2026 e novo plano de pagamento de dividendos. “Esse plano da estatal parece estar atraindo os investidores estrangeiros, que procuram alternativas baratas e descontadas como é o caso do Ibovespa”.

Carvalho ressaltou que apesar de a Vale estar em queda, “o setor de siderurgia e mineração está se beneficiando com o aumento do minério e ajuda a Bolsa”. O minério já bateu à casa dos US$100 e tem dado incentivo ao setor, principalmente os investimentos da China.

Segundo uma fonte que não quis se identificar, “o mercado recebeu muito bem o plano estratégico 2022-2026 da companhia, e os investidores estão endossando a gestão do general Joaquim Silva e Luna [presidente da petrolífera]”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,5650, com queda de 0,53%. Este movimento reflete uma rota de correção do real mais do que propriamente de enfraquecimento do dólar. A baixa liquidez ocasionada pelo feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos também refletiu nos mercados.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “a leitura aqui é positiva, está ocorrendo um movimento de correção, com os exageros dos dados das últimas semanas. A alta das commodities, em especial do minério de ferro, também ajuda o real”.

A fonte, contudo, não acredita que seja algo duradouro: “Acho um movimento temporário, mas temos que aguardar. Por mais que tenham havido exageros, a inflação e a parte fiscal ainda preocupam”, pondera.

Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “a alta do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) reforça, junto com o discurso do (presidente do Banco Central, BC, Roberto) Campos Neto, que o BC irá manter o ritmo de aumento da Selic em 1,5 ponto percentual”.

Leal ressalta, porém, que os problemas fiscais não devem acabar tão cedo: “Assim que resolver a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, vai voltar a questão do orçamento de 2022. Lembrando que no próximo teremos eleições”. O economista observa que estes pontos ainda podem gerar volatilidade.

De acordo com a equipe de analistas da Ouro Preto, “aparentemente o dólar está seguindo o movimento global (index caindo cerca de 0,20%)”.

Apesar dos dados de inflação medido pelo IPCA-15 não tenham sido bons, o mercado não ficou estressado porque veio levemente acima das expectativas”, pontua a Ouro Preto.

Embora os dados sejam ruins, a Ouro Preto acredita que isso pode impactar o aumento da Selic (taxa básica de juros), a ser divulgado em dezembro: “O mercado estava monitorando isso de perto porque pode ser um sinalizador do que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode fazer na próxima reunião”, projeta. Virou o mercado.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abriram o dia em queda, mas fecharam em alta após notícia da jornalista Bela Megale, d’O Globo, indicar que ministros palacianos não acreditam que a PEC dos Precatórios seja aprovada no Senado.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,714% de 8,686% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,095%, de 12,130%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,860%, de 11,830% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,810% de 11,730%, na mesma comparação.