São Paulo – O governo federal, acionista controlador da Petrobras, indicou Márcio Weber e José Mauro Ferreira Coelho para os cargos de presidente do conselho de administração e presidente executivo da empresa, que passaram por deliberação de acionistas em assembleia marcada para a próxima quarta-feira, 13 de abril.
Com isso, a relação de indicados pela União para o conselho da estatal ficou assim: Marcio Andrade Weber; Jose Mauro Ferreira Coelho; Sonia Julia Sulzbeck Villalobos; Ruy Flaks Schneider; Luiz Henrique Caroli; Murilo Marroquim de Souza; Carlos Eduardo Lessa Brandão; e Eduardo Karrer.
Márcio Andrade Weber já é membro independente do conselho da Petrobras, eleito pelo acionista controlador, assim como Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Murilo Marroquim de Souza, Ruy Flaks Schneider e Murilo Marroquim de Souza.
José Mauro Ferreira Coelho é atualmente presidente do conselho de administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA). Possui Graduação em Química Industrial, Mestrado em Ciências dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e Doutorado em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi Diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Possui mais de vinte e cinco anos de experiência profissional, atuando nos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Atuou também, por vários anos, na área docente de graduação e pós-graduação.
Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que a data da assembleia geral de acionistas no próximo dia 13 de abril estava mantida. Na ocasião, a estatal vai eleger o presidente do Conselho de Administração e o novo presidente da companhia.
O possível adiamento da assembleia foi cogitado após as desistências de Rodolfo Landim e Adriano Pires, indicados para o conselho e à presidência da Petrobras. O impasse causou uma turbulência na companhia, levando à queda de 0,95% nas ações da Petrobras ontem, além da perda de R$ 3,4 bilhões em valor de mercado.
Após a desistência de Adriano Pires, o nome de um dos auxiliares do ministro da Economia Paulo Guedes passou a ser apontado para o cargo: o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Caio Mario Paes de Andrade. Porém, ele não preenche critérios para o cargo de acordo com a legislação.
Com isso, agora outras indicações com históricos profissionais já aprovados pelos comitês internos da estatal passaram a ganhar força nesta quarta-feira: Sonia Villalobos e Marcio Weber, que já são conselheiros da Petrobras. Ela passaria a presidir o conselho e ele, a presidência executiva.
Os dois foram indicados no ano passado pelo governo para compor o conselho e estão sendo reconduzidos pelo governo. Outro conselheiro do governo que está sendo reconduzido ao cargo é Rui Schneider, mas ele já preside do conselho da Eletrobras e não poderia acumular os cargos.
O fato de já terem tido o histórico investigado pela diretoria de conformidade é importante porque sua indicação neste momento não atrasaria a assembleia de acionistas, marcada para o dia 13.
Agora, restando uma semana para o dia da assembleia, acionistas da companhia e o mercado continuam sem respostas de quem assumirá o comando da estatal. O ministro Albuquerque está sob fogo cruzado diante da suposta falta de coordenação para encontrar nomes que possam trazem, ao mesmo tempo, tranquilidade para os investidores e agradar o presidente Jair Bolsonaro.
Desde o último aumento dos combustíveis, em 10 de março, Bolsonaro tem feito críticas à política de preços da companhia e afirma que falta sensibilidade diante do cenário econômico do país e da conjuntura internacional. No dia 28, após uma longa fritura, o governo decidiu demitir o então presidente Joaquim Silva e Luna e, até hoje, continua procurando alguém para tentar resolver a crise instalada na Petrobras.
LIRA NEGA INDICAÇÕES
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), negou nesta quarta-feira que tenha indicado nomes para compor a direção da Petrobras. “Não indiquei nem faço questão de indicar nenhum nome para sua diretoria”, disse Lira. “Quero deixar aqui minha exigência como cidadão e representante dos meus eleitores: espero da Petrobras uma gestão que pare de maltratar o povo brasileiro com aumentos sucessivos e nenhuma sensibilidade social”, completou.
Lira já havia negado ontem ter relação com o economista Adriano Pires, indicado pelo governo federal para presidir a estatal, mas que desistiu de assumir o cargo por incompatibilidade com suas atividades na iniciativa privada. Ele disse que nunca esteve pessoalmente com Pires, mas confirmou que o consultou quando da votação do marco regulatório do gás.
Lira tem criticado a política de preços da Petrobras e defendido uma ação da direção da estatal para conter a disparada dos preços dos combustíveis no país. Ontem defendeu a revisão da Lei das Estatais, que impõe restrições às indicações para o comando dessas empresas, e a privatização da Petrobras. Para Lira, o Congresso Nacional tem de debater mudanças na legislação e ao mesmo tempo abordar a possibilidade de privatizar a empresa.
Segundo Lira, as restrições impostas pela Lei das Estatais para nomeação de dirigentes impedem o desenvolvimento da Petrobras e favorecem o corporativismo na estatal.
O texto foi atualizado às 20h01 com as indicações do governo federal.