São Paulo – A Petrobras disse que segue monitorando e avaliando os impactos da volatilidade internacional sobre os preços de combustíveis, mas “não pode antecipar qualquer decisão sobre ajuste ou manutenção dos preços vigentes.”
Em nota divulgada ontem (3/3) à noite, a estatal argumenta que o mercado brasileiro de combustíveis é atendido por diversos atores: importadores, distribuidores (que também têm autorização para importar), produtores e importadores de biocombustíveis, e outros refinadores e produtores de combustíveis derivados de petróleo, além da Petrobras, e que “em 2021 a gasolina A vendida pela empresa às distribuidoras atendeu cerca de 44% da demanda energética dos automóveis e os outros 56% foram atendidos pela gasolina A produzida e importada por outros agentes, etanol anidro e hidratado, e GNV.”
“A Petrobras mantém seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado internacional, mas evitando repassar a volatilidade externa e da taxa de câmbio causada por eventos conjunturais. O mercado internacional já vinha de um momento de volatilidade alta, e os últimos eventos causaram ainda mais volatilidade”, disse, na nota.
Por fim, a empresa comenta que a declaração da Abicom “representa apenas uma pequena parcela das empresas que importam combustíveis para o Brasil.”
Na quarta-feira (2/2), a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) declarou que os valores médios de diesel e gasolina da Petrobras nas refinarias atingiram 25% de defasagem ante a paridade de importação, um nível não visto há cerca de 10 anos.
“A Petrobras vem praticando preços muito abaixo da paridade nos últimos meses, mas, agora com o conflito na Ucrânia, as defasagens chegaram em patamares não vistos há muito tempo”, disse à Reuters o presidente da Abicom, Sergio Araújo. “Este nível de defasagem só ocorreu no período de 2011/2013, quando a Petrobras acumulou grandes prejuízos.”
Procurada pela Agência CMA, a Abicom confirmou as informações e disse que “com as elevadas defasagens nos preços praticados pela Petrobras, para gasolina e óleo diesel, as importações dos combustíveis estão inviáveis, podendo impactar nas operações também de outros produtores nacionais de derivados de petróleo, bem como de combustíveis alternativos aos fósseis.”
REFINARIA PRIVATIZADA AUMENTA GÁS
A Acelen, empresa criada pelo grupo árabe Mubadala para administrar a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), vendida pela Petrobras em novembro de 2021, anunciou dois aumentos no preço do botijão de gás de cozinha na Bahia este ano, em 3,24% na quarta-feira (2) e entre 9,1% e 9,4% em 1 de fevereiro (dependendo do ponto de entrega e modalidade), um reajuste de quase 13% em um mês. Já a Petrobras não reajusta o valor do produto desde 9 de outubro de 2021, comentou a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A Bahia foi o único estado a ser penalizado com o reajuste, pois a Rlam está localizada em São Francisco do Conde, no estado da Bahia. Mas a entidade avalia que essa situação poderá se repetir em outras regiões do país com a venda de outras sete refinarias previstas no plano de desinvestimentos da estatal e que as entidades sindicais já haviam alertado para as consequências da privatização desde que os processos foram anunciados.
“Apesar do Preço de Paridade de Importação (PPI) adotado desde o governo Temer pela Petrobrás, a estatal embora também esteja penalizando a população ao atrelar os valores dos combustíveis ao dólar e à cotação do petróleo internacional, tem praticado preços abaixo dos aplicados pela Acelen”, disse a FUP, em nota.
Em relação a gasolina e ao diesel, a Acelen já reajustou quatro vezes os preços destes combustíveis. Nos dias 1, 15, 22 de janeiro e 5 de fevereiro.