“Petrobras não é a mesma companhia da época da Operação Lava-Jato”, diz diretoria

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São Paulo – A Petrobras não é a mesma empresa que era antes da Lava-Jato, tem diversos mecanismos de compliance e monitoramento, com freios e contrapesos de uma governança que garantem os direitos dos acionistas em caso de possíveis interferências do novo governo federal, que é acionista controlador da empresa, garantiu a diretoria da empresa, na videoconferência de resultados do terceiro trimestre a investidores e analistas, realizada na manhã desta sexta-feira.

“Esse modelo traz conforto e robustez ao nosso modelo de gestão, além de leis que permitem estabelecer limites dos acionistas de uma companhia de economia mista”, disse Salvador Dahan, diretor de governança e conformidade da companhia, em resposta a perguntas de analistas sobre possíveis mudanças na governança que possam ser feitas pelo governo do presidente da República Luis Inácio Lula da Silva (PT), reeleito no último dia 30 de outubro.

A diretoria da Petrobras assegurou que não há previsão de alterar a política de preços e de pagamento de dividendos da companhia, mas que eventualmente, elas podem ser revisadas pelo conselho de administração, de acordo com as aprovações e regras previstas no seu estatuto.Sem querer entrar em especulações sobre o governo eleito, a diretoria executiva reiterou que a companhia tem mecanismos que permitem seguir monitorando intervenções e garantir a sustentabilidade da companhia.

Para Cláudio Mastella, diretor de comercialização e logística da Petrobras, sobre possíveis mudanças na política de paridade de importação praticada pela empresa desde o governo de Michel Temer, que considera as cotações de petróleo no exterior, a variação cambial, entre outros, ainda não é possível afirmar que haverá alteração por conta da mudança de governo.

“À medida que nos comprometemos a não repassar volatilidades do mercado em nossa política, podemos ficar acima ou abaixo do mercado. A importação representa menos da metade da nossa oferta, então, a variação (defasagem) de preços em relação a outros mercados é algo normal no nosso negócio”, acrescentou Mastella.

Em relação a investimentos, a companhia ressaltou que está para concluir o seu plano estratégico 2023-207 e que o processo é demorado e bastante técnico. “A companhia tem uma mudança regular de planejamento e os investimentos da companhia vão bastante além do planejamento estratégico e passam por análises técnicas demoradas e bastante complexas. Entre desenhar o projeto e aprovar, há um tempo longo de maturação”, explicou Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras.

Segundo Araújo, quanto mais a companhia conhece as áreas dos projetos analisados, mais fácil a aprovação. “Projetos de upstream e downstream, por exemplo, a cia tem maturidade maior, enquanto em renováveis e offshore, temos menor maturidade, o que exige mais estudos e aprovações.”

O executivo avalia que o avanço dos projetos pela Petrobras geraram a entrada de quase US$ 4 bilhões ao caixa da companhia.

Rodrigo Costa Lima e Silva, diretor de refino e gás natural disse que a companhia tem US$ 1,6 bilhão pontual em refino, com foco no aumento da produção das operações da Reduc, polo Gaslub e Itaboraí e outros, no âmbito do plano estratégico da companhia.

Em relação ao RPSO Almirante Barroso, a unidade deve sair para o mar a partir de 2023, com entrada em operação em meados do ano que vem, disse João Henrique Rittershaussen. Outras operações em andamento são Ana Nery e Anita Garibaldi, que vai para Aracruz.

Eólicas offshore

A Petrobras não está desenvolvendo nenhum projeto de eólicas offshore, está no plano de estudos, com um memorando de entendimentos com a Equinor. “Ainda temos dúvidas sobre a regulação desses projetos”, disse Rafael Chaves, diretor de relacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras.

Existem planos de inserir renováveis no plano estratégico da Petrobras, mas a companhia não pode comentá-los antes que o plano seja aprovado, comentou Chaves.

“A Petrobras já contribui com a segurança e intermitência damatriz elétrica nacional, com a oferta de gás, que atualmente está sendo fortemente demandado na Europa. A Petrobras também desenvolve querosene de aviação com conteúdo renovável, que não utiliza petróleo”, acrescentou Chaves.

Margem Equatorial

O diretor de sustentabilidade acrescentou que o investimento da Petrobras na margem equatorial também vai contribuir para a sustentabilidade no Brasil. “Enxergamos um potencial, prevemos que no início de dezembro nós tenhamos a aprovação do Ibama para realizar a primeira perfuração, e até chegar o óleo demora bastante, mas o desenvolvimento desse projeto vai garantir gerar renda e desenvolver economicamente aquela região de forma sustentável.”

Hoje a Petrobras explora uma área mais profunda da margem Equatorial, são mais de R$ 2 bilhões previstos no plano quinquenal para investimentos e é uma área muito promissora e estratégica para a companhia, ressaltou Fernando Borges, diretor de exploração e produção. “É um conjunto excelente de jazidas, estamos na proximidade de ir à mercado com duas unidades de produção na margem Equatorial”, disse Borges.

Desinvestimentos

Em relação à venda da participação da Petrobras na Braskem, Alves reiterou a informação divulgada em fato relevante nesta manhã que diz que a Novonor (ex-Odebrecht) deve se engajar no negócio e que, dado esse passo, a transação poderá avançar. “Com relação aos demais andamentos do plano de desinvestimento da Petrobras, ontem houve a derrubada da liminar que impedia o negócio do Polo Bahia Terra. Esses são os mais relevantes em andamento, junto com o da Sinuc”, destacou o executivo.

Ontem (03/11), a companhia informou que foi proferida decisão pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro determinando a revogação da medida liminar que paralisava as negociações contratuais com o consórcio de empresas Petrorecôncavo e Eneva referentes ao processo de venda dos campos de produção terrestres localizados na Bacia do Recôncavo e Tucano, no estado da Bahia, denominados conjuntamente de Polo Bahia Terra.