Petrobras pede licença de dez áreas marítimas ao Ibama para projetos de energia eólica offshore

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São Paulo – O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Maurício Tolmasquim, apresentaram as novas iniciativas da companhia para desenvolver projetos de eólica offshore (em alto mar) no Brasil, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, durante o evento de energia eólica Brazil WindPower, em São Paulo (SP). Mais cedo, a empresa anunciou um investimento de R$ 130 milhões em uma parceria com a Weg para desenvolvimento do maior aerogerador de energia eólica do país.

“A companhia assume hoje a posição de maior desenvolvedora de projetos de energia eólica do Brasil”, disse Prates. “A companhia solicitou licenciamento ambiental ao Ibama em dez áreas marítimas no Brasil e está em estudos com outras parcerias e instituições de ensino e pesquisa. Os dados coletados permitirão uma avaliação detalhada para desenvolvimento de parques no Brasil. A gigante do petróleo brasileiro tem tudo para se tornar a gigante de energias renováveis”, disse Prates.

Segundo a empresa, desse total, sete áreas estão na região Nordeste (três no Rio Grande do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão); duas no Sudeste (uma no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo) e uma no Sul do país (no Rio Grande do Sul). Somadas, essas áreas, que serão avaliadas, têm um potencial para o desenvolvimento de projetos eólicos offshore com capacidade de até 23 GW. Com isso, a Petrobras afirma que “passa a ser a empresa com o maior potencial de geração de energia eólica offshore no Brasil em capacidade protocolada junto ao Ibama.”

O CEO também disse que a Petrobras terá um hub para projetos de energia eólica em Natal (RN) e lembrou dos acordos não-vinculantes assinados pela empresa com seis empresas chinesas para alavancar projetos de energia renovável. “Os assinados com companhias da China estão alinhados ao planejamento estratégico da companhia”, disse Jean Paul Prates, na entrevista coletiva.

“O projeto com a Weg aumentará o conhecimento da Petrobras em energia eólica offshore. O aerogerador onshore de 7 megawatts terá 220 metros de altura e peso equivalente a 1660 carros populares, ou 44 Boeings 737. O equipamento poderá estar disponível a partir de 2025”, acrescentou.

Os representantes de empresas e entidades parceiras dos projetos da Petrobras também participaram do evento: o presidente executivo da WEG, Harry Schmelzer Jr, o diretor superintendente da WEG Energia, João Paulo Gualberto da Silva, e o diretor regional do SENAI do Rio Grande do Norte, Rodrigo Mello.

O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Maurício Tolmasquim, lembrou de sua participação no Proinfa e nos primeiros leilões de energia eólica do Brasil. “Quando eu organizava os leilões de energia eólica, sempre falava com o Jean Paul Prates, que é um apaixonado pelo tema, e ele sempre garantia que os projetos teriam demanda.”

Segundo Tolmasquim, o memorando com a China Energy propõe um estudo numa planta de hidrogênio no Rio Grande do Norte “que é o estado com maior capacidade de geração eólica do Brasil.” “Lá temos a térmica do Açú e a parceria será para viabilizar uma planta de hidrogênio utilizando energia eólica.”

O diretor disse que as licenças solicitadas ao Ibama prevem um projeto em Cabo Frio, em lâmina d’água de 100 metros e 40 km da costa. “Esse parque é importante por que pode ser uma alternativa aos parques do nordeste que estão sendo desativados. O potencial de ter plataformas flutuantes no Nordeste pode possibilitar uma transição justa para as pessoas que ficarão desempregadas com a desativação das plataformas de petróleo.”

Tolmasquim disse que a iniciativa com a Weg é importante por ter uma empresa brasileira que produzirá no Brasil. “Para nós da equipe de transição energética é importante atuar em parceria com a Weg no desenvolvimento do equipamento e a Petrobras terá preferência na aquisição. É importante para a Petrobras ter uma opção nacional disponível. A Petrobras chegou em eólica e veio para ficar e transmformar o Brasil”, finalizou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras.

Daniel Pedroso, gerente executivo de energia renovável da Petrobras, disse que as áreas protocoladas ao Ibama totalizam 23 GW, podendo chegar a 30 GW, e a empresa passa a ser a principal em áreas e potencial para geração eólica offshore. As áreas estão nos estados Maranhã, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. “As áreas já refletem o conhecimento da Petrobras sobre medição de vento e solo marinho, em virtude de sua presença e conhecimento profundo de sua atividade exploratória de petróleo em águas profundas.”

Primeiro leilão de eólica offshore poderá ser feito em 2024, quando haverá abertura da Margem Equatorial

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que provavelmente no ano que vem, o governo poderá fazer o primeiro leilão de eólica offshore e haverá a abertura de uma nova fronteira exploratória na Margem Equatorial.

“Provavelmente no ano que vem, quando o governo poderá fazer o primeiro leilão de eólica offshore, já haverá uma demanda. Também haverá a abertura de uma nova fronteira exploratória na Margem Equatorial, que já tem muitos projetos inscritos e uma atratividade muito grande”, afirmou o CEO, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, durante o evento de energia eólica Brazil WindPower, em São Paulo (SP). “Se a lei sair amanhã, a Petrobras já está pronta para participar do leilão. Só tem como entrar no offshore através da outorga de uma área, através do processo público.”

Prates disse que o Brasil tem déficit de consumo de energia e que já há potencial para elevar o consumo de energia, que poderá ser elevado com a transição energética. “Em cinco anos muita coisa muda e não temos pressa, não vamos sair colocando parque eólico em qualquer lugar. Temos foco e vamos continuar investindo nas nossas refinarias, no diesel R, no diesel feito com óleo vegetal. Estamos investindo em inovação mas de forma muito responsável.”

Para o presidente da Petrobras, o investimento em hidrogênio verde é natural para empresa pois é um investimento em downstream.

Em relação à política de preços de combustíveis da Petrobras e a defasagem em relação ao exterior, Prates disse que a companhia segue uma diretriz que minimizar o sacrifício dos consumidores brasileiros em relação ao preço internacional e utilizar a vantagem de refinar petróleo no país. “Na hora que tivermos que reajustar, vamos reajustar. Lá fora temos a tempestade perfeita, o Brent está subindo, mas nós estamos controlando, está sob controle”, disse o presidente da Petrobras.

Em relação à demanda para a transição energética e energia renovável, o diretor da área da Petrobras, Maurício Tolmasquim, disse que a eletrificação demandará energia renovável e que 2030 é limite para fazer a mudança.

“Em 2030, o Brasil é onde o hidrogênio verde estará mais barato. A Petrobras é a maior consumidora da indústria petroquímica. Nas próximas entrevistas, vamos falar sobre o potencial de juntar o hidrogênio verde e a eletrificação. A demanda vai aumentar”, estima Tolmasquim. “2030 está logo ali, daqui a pouco estaremos atrasados. A Petrobras é fundamental para tornar a transição energética uma realidade.”

O diretor disse que a empresa ainda avalia qual será a viabilidade nos investimentos em energia eólica e que não é possível informar quanto será necessário aportar energia eólica offshore.

Pedido de licenciamento ao Ibama deverá ser discutido no Congresso

Após a coletiva, a Petrobras divulgou comunicado ao mercado com informações sobre o pedido que encaminhou, junto ao Ibama, em que esclarece que solicitação junto ao órgão ambiental “não garante o direito sobre as áreas, o que deve acontecer somente após processo a ser conduzido conforme a regulação em discussão no âmbito do Congresso Nacional.”

A companhia acrescentou que o pedido de início de licenciamento “é uma sinalização de interesse da Petrobras para o desenvolvimento de projetos próprios, além dos projetos em parceria, que continuam sendo uma prioridade, a exemplo das áreas que estão sendo estudadas em conjunto com a Equinor.”

As duas empresas estão avaliando a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos de geração de energia eólica offshore na costa brasileira, com potencial para gerar até 14,5 GW, conforme divulgado em 06/03/2023.

A Petrobras também destaca que já conduz a maior campanha de mapeamento eólico no Brasil. “Este ano, a companhia completa uma década de medições eólicas offshore e está intensificando as campanhas de medição eólica em algumas locações no mar brasileiro, fundamentais para a avaliação da viabilidade técnica de futuras instalações de energia eólica offshore. É o caso, por exemplo, de seis plataformas localizadas em águas rasas no litoral dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Espírito Santo.”

“A área escolhida no estado do Rio de Janeiro apresenta um diferencial entre todas as outras já protocoladas junto ao Ibama para projetos de eólica offshore, já que é a única posicionada em profundidade dágua maior que 100 metros, na qual não é possível utilizar fundações fixas, cravadas diretamente no solo marinho. Para esse caso, as instalações têm que ser flutuantes e sua viabilização abrirá possibilidades de integração e fornecimento de energia para as plataformas de produção da companhia.”