Petrobras: Reajuste do combustível ainda é pouco, dizem especialistas

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São Paulo – A Petrobras vai reajustar o preço da gasolina para as distribuidoras nas suas refinarias. A partir das primeiras horas do aniversário da capital paulista, a gasolina passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro, um aumento de R$ 0,23 por litro. Para a Ativa Investimentos, trata-se de um movimento técnico – o Centro Brasileiro de Infraestrutura e Energia (CBIE) e a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) apontavam defasagem de aproximadamente 15% na gasolina.

“Continuamos achando que a nova gestão, em conjunto com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), formatará uma nova política de preços de derivados e possivelmente, a Petrobras e seu acionista majoritário se aprofundarão nos estudos para criação de um fundo de estabilização para momentos onde a volatilidade do barril for elevada”, considera a Ativa. “A grande dúvida atualmente é quanto à origem dos recursos para este fundo, dado o estágio do quadro fiscal brasileiro.”

O diesel também pode ser alvo de aumentos para frente. “Lembremos que em fevereiro começam a valer as sanções aos derivados russos. Com a retomada da economia chinesa, a Europa pode ter problemas de fornecimento uma vez que os países asiáticos podem se mostrar incapazes de atender ao que o Velho Continente precisa.” Os analistas da Ativa ressaltam que, com os níveis de estoques de destilados abaixo da média dos últimos cinco anos nos EUA, a visão da corretora é altista também para o diesel.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) diz que, apesar de o senador Jean Paul Prates- indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o comendo da estatal, ainda não ter assumido o comando da empresa – a tentativa é de responsabilizar o novo governo.

A entidade lembrou que o reajuste dos preços dos combustíveis é uma iniciativa da área comercial da Petrobrás que tem que ser aprovado pelo presidente da empresa, em conjunto com o diretor de investimentos e o diretor do refino, diz a Federação Única dos Petroleiros (FUP). E completa que, como Jean Paul Prates ainda não assumiu o comando da empresa, ele não teve qualquer participação nesse processo.

“O fato é que, assim como a gestão bolsonarista da empresa continua com as negociações para privatização de mais ativos da companhia, com a distribuição abusiva de mega dividendos para acionistas, também continua definindo os preços dos combustíveis no Brasil.”

“O mercado e a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) diziam que a defasagem da gasolina era de 14% e do diesel 9%. Agora que passaram as eleições, estão buscando tirar essa defasagem, devido à pressão dos acionistas minoritários, e colocar a culpa no novo governo, que ainda não conseguiu assumir a gestão da Petrobras como acionista majoritário e controlador que é”, diz a FUP.

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) explicou que mesmo com o reajuste, o preço ainda está 7% abaixo dos preços praticados no mercado internacional e que esperava um reajuste maior.”A Petrobras estava há 49 dias sem fazer reajustes e a defasagem medida 55 centavos por litro abaixo do mercado internacional.”