Petrobras reforça política atual de preços de combustíveis e avalia novo aumento

A estatal reiterou que continua seguindo a paridade com preços internacional do petróleo e que não é a única responsável por preços elevados

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São Paulo – Apesar de reiterar que não há nenhuma mudança na sua política de preços de combustíveis, que continua levando em conta a paridade com preços internacionais do petróleo, a Petrobras reconheceu que há uma defasagem atualmente e disse que está avaliando um reajuste diante da recente recuperação dos preços do petróleo no exterior.
“Não há nenhuma mudança na política de preços da Petrobras. A forma com que acompanhamos os preços e o câmbio, a paridade, continuam as mesmas”, disse o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, logo na abertura de coletiva de imprensa convocada hoje pela petrolífera.
O presidente da estatal ainda reiterou que a empresa é responsável apenas por uma parte da composição de preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, e que possíveis mecanismos que pudessem reduzir os preços de combustíveis, cabem ao governo, que estuda alternativas, e não à companhia, se esquivando de dar mais detalhes sobre a questão.
A empresa tem sido pressionada a dar mais explicações sobre a sua responsabilidade nos preços de combustíveis diante de preços elevados nos postos, o que tem pressionado a inflação e a renda da população. Por outro lado, agentes do mercado financeiro também questionam a demora para novas elevações de preços, já que a estatal diz que continua levando a paridade internacional em conta. A última elevação de preço da gasolina, do diesel e do GLP foi feita em 12 de agosto.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro, também deu declarações sobre preços e sobre a estatal. Bolsonaro disse, entre outras coisas, que o preço elevado da gasolina e do dólar refletem a “realidade” e que o governo não vai intervir para baixá-los de forma artificial. “Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4 ou menos, dólar a R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte, é realidade”, disse ele durante evento da Caixa Econômica Federal.
Segundo o diretor executivo de comercialização e logística, Cláudio Mastella, que também esteve na coletiva, a Petrobras evita repassar a volatilidade excessiva de preços do petróleo e oscilações que sejam apenas conjunturais, mas sugeriu que no momento é estudado um novo aumento diante de possíveis mudanças estruturais.
“Estamos avaliando reajustes. O que existe de estrutural hoje é o crescimento sazonal da demanda de por óleo diesel no hemisfério norte, que costuma fazer os preços subirem nesse período. Agora falar se o preço da gasolina vai ficar em R$ 7 ou não é bastante especulativo, dado que as commodities têm influência de complexas externas e de variações como o câmbio, que são difíceis de prever. Continuamos monitorando”, disse ao ser questionado sobre a defasagem e elevado preço atual da gasolina.
CAMPANHA SOBRE RESPONSABILIDADE DA PETROBRAS
Durante o início da coletiva de imprensa, a empresa também veiculou um vídeo que já havia sido postado nas suas redes sociais em setembro, em campanha publicitária para esclarecer a formação do preço da gasolina ao público e dividir a responsabilidade pelo valor com os tributos federais e estaduais.
A campanha, porém, gerou reação dos estados, com o Distrito Federal e mais 12 estados decidindo entrar com uma ação civil pública contra a Petrobras pedindo a sua suspensão. Na ação, que tramita na 18 Vara Cível de Brasília, os estados entendem que o vídeo feito pela estatal como “publicidade abusiva e que viola os princípios da transparência, confiança e boa-fé”.
No vídeo, a Petrobras diz que recebe apenas cerca de R$ 2 do preço da gasolina na bomba, parcela que cobre custo de produção, investimentos, juros da dívida, impostos e participações governamentais, já o restante do preço corresponde a uma série de tributos, o custo da mistura de etanol, ICMS, PIS, COFINS, etc. Desses impostos, destaca o ICMS, que é estadual.
Já no no diesel S-10, a Petrobras diz receber cerca de R$ 2,49 o litro na bomba e, no caso do GLP, afirma que sua parte corresponde a cerca de R$ 46,90 o botijão de 13 kg.
FUNDO DE ESTABILIZAÇÃO DE PREÇOS E VALE-GÁS
Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de criação de um fundo de estabilização de preços, alternativa que estaria sendo considerada pelo governo para reduzir a volatilidade, o presidente da estatal se esquivou e disse que essa questão cabe ao governo, estando ao cuidados do Ministério de Minas e Energia.
O mesmo ocorreu em relação a uma pergunta sobre um possível vale-gás ou outras alternativas que pudessem fazer o preço do gás de cozinha pesar menos sobre a população, embora tenha dito que está em constante contato com o governo e fornecendo informações técnicas.
“A Petrobras responde pela sua parte no preço e mostra como ele é composto, a partir daí não se manifesta. Sabemos que há ansiedade e que há algum tempo se estuda como simplificar a tributação sobre combustíveis, o que vem sendo conduzido pelo governo. Entendemos que isso está com o governo”, disse Silva e Luna.
USINAS TERMELÉTRICAS
Silva e Luna ainda fez esclarecimentos sobre as termelétricas da estatal e afirmou que a companhia está aumentando o fornecimento de gás para termelétricas do País em meio a crise hídrica, sendo que nos últimos 12 meses esse fornecimento triplicou.
Entre as ações já feitas, afirmou que foi realizada a ampliação da capacidade de regaseificação do terminal de gás natural liquefeito (GNL) no Rio de Janeiro. Além disso, afirmou que são estudadas outras alternativas para
abastecer as térmicas além de gás.
AÇÕES
As ações da Petrobras reagiram positivamente ao reforço da política atual de preços e a um possível novo reajuste para cima, o que ajudou o Ibovespa a fechar em alta.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em alta de 1,56% e 0,89%,respectivamente.