São Paulo – Em seminário do Dia Mundial do Meio Ambiente, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta segunda-feira, o diretor de transição energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, disse que a companhia está preocupada com a transição energética e em fomentar a descarbonização por que a demanda por petróleo e os recursos para os combustíveis fósseis vão cair até 2050.
“Temos visto uma mobilização enorme dos governos de diversos países investindo para atingir suas metas de descarbonização. Nesse contexto, a demanda por petróleo vai cair”, afirmou o diretor da Petrobras, em sua apresentação, considerando cenários em que os países buscam atingir as metas definidas no Acordo de Paris ou buscam ser “net zero”, com o PIB crescendo 23%, a demanda por petróleo vai cair 40%, pelo menos.
“A capacidade instalada de energia eólica nos últimos dez anos multiplicou em 5 vezes, a de solar, ainda mais, o que deve levar à queda dos preços de energia gerada por essas fontes”, explicou.
O futuro de veículo carburante também não é muito bom, segundo Tolmasquim. “Em 2040, estaremos vendendo 15 milhões. O elétrico e plug-in vai saltar para 60 milhões, o que é péssimo para a demanda de petróleo.”
Ele também citou que os Estados Unidos também anunciaram um programa de inventivo de US$ 7 por carro elétrico. “Nos próximos anos, vai ser muito mais barato comprar carro elétrico. E vai ser muito mais barato comprar carro elétrico, que vai ser massificado nos EUA.”
Mesmo considerando que esses cenários vão ocorrer no médio prazo, Tolmasquim também citou iniciativas do setor financeiro, como uma aliança bancária internacional, com compromisso de ter portfolio de financiamento com metas de investimento sustentável até 2050, o que deve limitar os recursos para combustíveis fósseis.
“Tudo isso justifica toda a iniciativa de descarbonizar. O fato de ser importante descarbonizar, não significa que não haverá demanda por petróleo. Ainda serão necessários 40 milhões de barris por dia para abastecer o mundo”, destacou.
Entre as etapas para iniciar a transição energética, ele ressaltou a atenção com as comunidades, pois ao iniciar com as tecnologias renováveis, elas substituirão outras e podem aumentar o desemprego. “Nos EUA por exemplo, a saída do carvão deixou um buraco e cria problemas sociais. Como garantir a sobrevivência das economias que vivem dessas fontes?”, afirma.
Outra questão ligada às comunidades, é garantir uma tecnologia acessível a todos. “No Brasil, isso é mais fácil, pois as fontes limpas são competitivas. Mas em algumas áreas, cocção a lenha, a biomassa, faz mal, e alternativas como GLP são mais caros. Então, é preciso pensar em como compensar os custos para a sociedade nessa transição.”
O diretor da Petrobras também aponta para a necessidade de capacitar a mão de obra. “É preciso ter um programa de re-capacitação e treinamento, para que as pessoas possam subsistir. É mais fácil recapacitar um engenheiro do que um operário menos qualificado.”
Outro foco de atenção é com a cadeia de suprimento, para que ela sobreviva. “A transição energética é fundamental, mas não podemos deixar nada pra trás”, finalizou.
GOVERNO
No âmbito governamental, Aloísio Lopes de Melo, diretor da Secretaria Nacional de Mudança do Clima do Brasil, ligada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), disse que os eventos de emergência climática têm acontecido de formas mais intensas do que o esperado e que a agenda governamental está olhando para essa áreas.
“Temos que ser capazes de lidar com as situações de risco já existentes e que têm sido agravadas com a ocorrência de emergências climáticas. Temos o desafio de oferecer ferramentas para que os municípios possam lidar com as dificuldades e situações de risco”, afirmou, em apresentação no seminário do BNDES.
“No âmbito governamental, será necessário ter novas instâncias de governança clara e transparente e isso está previsto nas agendas a serem anunciadas hoje pelo governo federal com a área de emergências climáticas e ter grandes eixos de investimento para contribuir com os compromissos de mitigação”, acrescentou Melo.