PIB da China deverá crescer 5% em 2024, mas com riscos no setor imobiliário, segundo FMI

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Foto: Paul Fris / freeimages.com

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou hoje (29) o comunicado sobre a missão de avaliação do país sob o Artigo IV do seu Acordo Constitutivo entre os dias 16 e 28 de maio, no qual estima que o PIB chinês deverá crescer 5% em 2024 e 4,5% em 2025. Ambas as projeções revisam o crescimento para cima em 0,4 ponto percentual, em relação ao relatório WEO (World Economic Outlook), de perspectivas econômicas, divulgado em abril.

A instituição aponta que os dados fortes do PIB no primeiro trimestre e as medidas de estímulo são responsáveis pelo crescimento. Além disso, a inflação, segundo o FMI, deverá subir, mas ainda será baixa, refletindo a produção industrial abaixo do potencial do país.

Os riscos estão inclinados para o lado negativo, incluindo um ajuste do setor imobiliário maior ou mais longo do que o esperado e pressões de fragmentação crescentes.

Para o FMI, as prioridades imediatas são adotar um pacote de políticas abrangente para facilitar o ajuste do setor imobiliário e fornecer apoio macroeconômico adequado para impulsionar a demanda interna e mitigar os riscos negativos.

Alcançar um crescimento de alta qualidade exigirá reformas estruturais abrangentes. As principais prioridades incluem reequilibrar a economia em direção ao consumo, fortalecendo a rede de proteção social, liberalizando o setor de serviços e reduzindo políticas de oferta distorcivas que apoiam os setores manufatureiros.

“O desenvolvimento econômico da China nas últimas décadas foi notável, impulsionado por reformas orientadas para o mercado, liberalização do comércio e integração nas cadeias globais de suprimentos. No entanto, essas conquistas foram acompanhadas por desequilíbrios e vulnerabilidades crescentes, e surgiram ventos contrários ao crescimento”, afirma Gita Gopinath, vice-diretora geral do FMI.

“Reconhecendo esses desafios, as autoridades têm se concentrado em alcançar um crescimento de alta qualidade apoiando a inovação, especialmente nos setores verde e de alta tecnologia, aprimorando as regulamentações do setor financeiro e introduzindo algumas políticas para mitigar os riscos imobiliários e dos governos locais. No entanto, uma abordagem política mais abrangente e equilibrada ajudaria a China a enfrentar os ventos contrários à economia”, continua.

Para Gopinath, as políticas macroeconômicas de curto prazo devem ser voltadas para apoiar a demanda interna e mitigar os riscos negativos. A política fiscal deve priorizar o fornecimento de apoio financeiro pontual do governo central para o setor imobiliário. “O afrouxamento da política monetária implementado até agora em 2024 é bem-vindo, mas dado o baixo nível de inflação e a produção abaixo do potencial, há espaço para um maior afrouxamento. Maior flexibilidade da taxa de câmbio reduziria os riscos de deflação e ajudaria a absorver choques externos”.

O FMI destaca que a China enfrenta grandes desafios fiscais, especialmente para os governos locais. Uma consolidação fiscal sustentada ao longo do médio prazo é necessária para estabilizar a dívida, enquanto a reestruturação da dívida insustentável dos veículos de financiamento dos governos locais pode ajudar a reduzir as tensões fiscais.

“A China desempenha um papel importante e construtivo no apoio à reestruturação da dívida em países de baixa renda e vulneráveis e na promoção da transição verde. O Fundo espera continuar a cooperação com as autoridades nesse sentido”, conclui Gopinath.