PIB deve crescer 2,3% em 2025 e inflação está projetada em 4,8%, aponta SPE

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Porto Alegre, 14 de fevereiro de 2025 – O ritmo de crescimento surpreendeu mais uma vez em 2024. No início do ano, a mediana das projeções de mercado para o crescimento do PIB era de 1,5%, enquanto a SPE projetava alta de 2,2%. Essas estimativas foram sendo revisadas para cima até atingir 3,5% em dezembro. A avaliação faz parte do documento Retrospectiva 2024 e Perspectivas 2025, divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério das Fazenda.

 

“No ano, as surpresas positivas para o crescimento refletiram o bom desempenho de setores cíclicos, motivados por impulsos positivos vindos do mercado de trabalho e crédito”, acrescenta o documento.

 

O desemprego atingiu patamar histórico mínimo em cenário de expansão da população ocupada e força de trabalho. A taxa média de desemprego caiu de 7,8% em 2023 para 6,6% em 2024, a menor da série histórica iniciada em 2012.

 

Em 2025, projeta-se desaceleração do crescimento, repercutindo o ciclo contracionista da política monetária e fiscal. Atividades cíclicas, mais dependentes da dinâmica do crédito, da massa de rendimentos e de transferências, tendem a ser especialmente afetadas pelo aumento nos juros e por menores estímulos fiscais. Em contrapartida, atividades não-cíclicas, como a produção agropecuária e extrativa, devem crescer em ritmo expressivo em 2025. A expansão dessas atividades não só deve garantir que o crescimento não se distancie muito do potencial, como também tende a exercer um efeito desinflacionário devido à maior oferta de produtos.

 

Para o PIB de 2025, projeta-se expansão de 2,3%. A previsão até novembro de 2024 era de crescimento de 2,5%, porém o aumento na taxa de juros básica e o cenário conjuntural externo levaram à expectativa de menor ritmo de expansão da atividade em 2025. O carry-over para 2025 também se reduziu recentemente. Após a divulgação de indicadores coincidentes de novembro e dezembro, a previsão de crescimento para o quarto trimestre caiu de cerca de 0,7% para 0,4% na margem (4,0% na comparação interanual).

 

Inflação

 

A inflação ao consumidor subiu em 2024, impactada principalmente por choques cambiais e climáticos. De 2023 a 2024, a inflação medida pelo IPCA avançou de 4,6% para 4,8%, pouco acima do intervalo superior da meta, influenciada pela aceleração nos preços livres, de 3,1% para 4,9%. Essa aceleração refletiu o comportamento dos preços de alimentação no domicílio e de bens industriais, impactados por choques cambiais, chuvas, estiagens, queimadas e pela oscilação nos preços de energia elétrica, dentre outros

fatores. O aumento nos preços internacionais de commodities agropecuárias e metálicas foi outro vetor inflacionário em 2024.

 

Para 2025, a expectativa é de estabilidade da inflação. A SPE projeta variação de 4,8% para o IPCA de 2025, variação similar à observada em 2024. A inflação deverá se situar pouco acima do intervalo superior da meta, resiliente em função de efeitos defasados da depreciação cambial e do ritmo aquecido de atividade. Para a média das cinco principais medidas de núcleo, a perspectiva é de leve aceleração, de 4,3% em 2024 para 4,4% em 2025, ainda inferior ao limite superior da meta de inflação.

 

Fiscal

 

Quanto ao resultado primário de 2024, este registrou déficit de R$ 43 bilhões (-0,36% do PIB), considerando os créditos extraordinários que não são computados para fins de cumprimento da meta, e de R$ 11 bilhões, ou – 0,1% do PIB, quando se desconta esses créditos. Após as deduções dos valores de crédito extraordinário atinentes ao Rio Grande do Sul (R$ 32 bilhões), o resultado fiscal é de déficit de R$ 11 bilhões (- 0,1% do PIB), próximo ao centro da meta de déficit zero, previsto na LDO 2024.

 

O resultado primário do governo central para 2025 está estimado em déficit de R$ 40,43 bilhões (-0,3 % do PIB), entretanto, em termos de cumprimento de meta fiscal, deve ser descontado o importe de R$ 44,12 bilhões.16 Haveria uma folga, portanto, de R$ 3,7 bilhões (0,03% do PIB) para cumprimento do centro da meta de déficit zero em 2025, estipulada na LDO.

 

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