PIB dos EUA tem maior queda desde 2008 e pior está por vir, dizem analistas

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São Paulo – A economia norte-americana encolheu 4,8% no primeiro trimestre, de acordo com a leitura preliminar divulgada hoje pelo Departamento do Comércio. Esse é o desempenho mais fraco desde o final de 2008 e, de acordo com especialistas consultados pela Agência CMA, um resultado ainda pior está por vir.

O primeiro trimestre terminou em março, o que significa que a queda acentuada mostrada neste relatório captura apenas os danos de cerca de duas semanas de bloqueios provocados pela pandemia do novo coronavírus nos Estados Unidos.

“Como os bloqueios relacionados a pandemia só começaram realmente a valer nas duas últimas semanas do trimestre, o declínio anualizado de 4,8% do PIB em relação ao primeiro trimestre como um todo ilustra que a atividade deve ter caído muito acentuadamente a partir da segunda quinzena de março”, disse o economista chefe da Capital Economics para os Estados Unidos, Paul Ashworth.

Segundo ele, mesmo com a reabertura econômica gradual em alguns estados norte-americanos, a expectativa é de um declínio anualizado de 40% no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre.

Para a economista da CIBC, Katherine Judge, a queda acentuada da atividade econômica norte-americana entre janeiro e março é apenas uma fração das perdas que serão vistas no próximo trimestre, refletindo um distanciamento social mais rígido e um aumento esperado sem precedentes na taxa de desemprego.

“Os gastos do consumidor, a maior parte da economia norte-americana, caíram 7,6% ao ano, com os gastos com bens e serviços duráveis tendo as quedas mais acentuadas. Esses componentes devem cair ainda mais no segundo trimestre, refletindo mais perdas de empregos e fechamento de negócios”, afirma Judge.

O Wells Fargo, por sua vez, projeta uma contração de 20% para o PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre. Além disso, banco norte-americano prevê um aumento do desemprego para mais de 15% em abril e maio.

“Os componentes do PIB trouxeram poucas notícias boas. A contração ocorrida no primeiro trimestre é apenas um aperitivo do que está por vir no segundo trimestre”, disse o economista chefe do Wells Fargo, Jay H. Bryson.

Ele lembra que o governo federal, juntamente com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), implementou vários mecanismos de apoio à economia.

“Esses programas devem ajudar a garantir que a economia norte-americana não entre em colapso total enquanto os pedidos de permanência em casa estiverem em vigor. À medida que os estados começam a reabrir lentamente a economia nas próximas semanas e meses, e assumindo a pandemia não retorne, a economia dos Estados Unidos deve iniciar um processo de recuperação gradual no terceiro trimestre”, acrescentou Bryson.

Nesta semana, em coletiva na Casa Branca, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que a economia do país deve se recuperar no terceiro e quarto trimestres e ter um desempenho sólido em 2021.

“O que acontecer no segundo trimestre, ficará no segundo trimestre”, disse Trump na ocasião.