PIB tem queda recorde no 2º trimestre, no auge do isolamento social

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São Paulo, 1 de setembro de 2020 – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou no segundo trimestre deste ano a queda mais intensa da série histórica, iniciada em 1996, ao encolher 9,7% na comparação com o trimestre anterior, refletindo o auge do distanciamento social adotado para controle da pandemia de covid-19. Com o resultado, o país registrou a segunda queda trimestral seguida, entrando em recessão técnica.

No acumulado do primeiro semestre de 2020 o PIB brasileiro afundou 5,9% em relação ao mesmo período de 2019. “Essa foi a primeira taxa semestral negativa desde 2017, quando estávamos saindo da crise econômica que ocorreu, principalmente, entre 2015 e 2016. Agora, voltamos a uma nova queda no PIB”, afirma a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.

Com isso, o PIB nacional retrocedeu ao mesmo patamar ao final de 2009, auge dos impactos da crise econômico-financeira global. Segundo a coordenadora do IBGE, esses resultados do PIB do Brasil referem-se ao auge do isolamento social no país, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para enfrentamento da pandemia.

O tombo da economia doméstica no trimestre passado resulta de quedas históricas de 12,3% na indústria e de -9,7% nos serviços, em relação aos três primeiros meses de 2020. Esses setores, somados, representam 95% do PIB nacional. Já a agropecuária cresceu 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Pelo lado da demanda, a queda de 12,5% do consumo das famílias, em base trimestral, também foi recorde, representando 65% do resultado geral do PIB do Brasil no período. Segundo o IBGE, o desempenho acontece apesar da ajuda emergencial do governo aos mais vulneráveis aos impactos econômicos da pandemia de coronavírus.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, disse Rebeca, coordenadora de contas nacionais do IBGE.

Ainda assim, o consumo do governo recuou 8,8% no segundo trimestre em relação ao período anterior, muito por conta da queda nas despesas com saúde e educação. “Na saúde, os gastos ficaram mais focados no combate à covid-19 e as pessoas tiveram receio de buscar outros serviços, como consultas e exames, durante a pandemia. Na educação, utilizamos nas contas o percentual do Ministério da Educação de alunos que tiveram aulas ou não. Isso fez com oque o consumo do governo caísse bastante também”, detalhou.