Podemos cortar mais os juros, mas depende do progresso da queda da inflação, diz Waller

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Christopher Waller, governador do Fed | Foto: Federal Reserve

O governador do Fed, Christopher Waller, em um discurso hoje mais cedo, diz que apoia mais cortes de juros desde que a inflação continue na trajetória de queda. “Se a perspectiva evoluir, apoiarei a continuação do corte da nossa taxa básica de juros em 2025. O ritmo desses cortes dependerá de quanto progresso fizermos na inflação, ao mesmo tempo em que mantemos o mercado de trabalho longe do enfraquecimento”.

Waller falou brevemente sobre os impactos que as tarifas comerciais do presidente eleito Donald Trump podem ter sobre a inflação. Sem citar Trump, ele comentou que elas têm potencial de se tornar “fonte de pressão ascendente sobre a inflação no próximo ano”. Mas, se as tarifas não tiverem um efeito significativo ou persistente sobre a inflação, ele afirmou ser improvável que afetem sua visão de política monetária apropriada. “Claro, precisamos ver quais políticas são promulgadas antes de podermos considerar seriamente seus efeitos”.

Ele disse que a economia dos EUA continua sólida, com o PIB real crescendo acima de 2% na maioria dos trimestres recentes. Mas ele destaca que o mercado de trabalho mostrou sinais de enfraquecimento ao longo de 2024, aproximando-se do objetivo de pleno emprego do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Em relação à inflação, o processo de queda está menos intenso, com o índice de inflação PCE básico em 2,8% nos 12 meses até novembro. “Ainda assim, espera-se que a inflação continue a convergir para a meta de 2% no médio prazo, permitindo reduções adicionais nas taxas de juros em 2025, dependendo da evolução econômica”.

Ele falou também que os bancos centrais enfrentam desafios comuns na busca de suas metas de inflação, especialmente devido a fatores globais, como as disrupções na cadeia de suprimentos durante a pandemia. Essas disrupções diminuíram, mas riscos geopolíticos e tarifas continuam a influenciar os preços. “Além disso, o setor manufatureiro enfrenta fraquezas devido ao aumento dos custos de capital, energia e à concorrência chinesa, ampliando a incerteza nas perspectivas econômicas”.

Outro detalhe abordado por ele foram os riscos geopolíticos que, embora menos intensos que no início da guerra na Ucrânia, permanecem elevados e podem impactar o comércio, a migração e a segurança global. Conflitos no Oriente Médio e mudanças nas políticas comerciais adicionam complexidade ao cenário econômico. “Pesquisas mostram que altos níveis de risco geopolítico frequentemente antecipam redução em investimentos e empregos, exigindo atenção contínua dos formuladores de políticas monetárias”.

Ele citou também a chamada “revisão da globalização”, com muitos países reavaliando a integração econômica global para reduzir riscos geopolíticos e tarifários. Apesar disso, não se espera o fim da globalização, mas sim um foco maior nos custos e benefícios dessa integração. “Decisões relacionadas a esse tema influenciarão a política monetária e a estabilidade financeira, exigindo maior cautela dos bancos centrais”.

Por fim, tendências demográficas, como o envelhecimento populacional nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), representam desafios significativos. Essa mudança pode reduzir o crescimento econômico e impactar preços de ativos e taxas de juros. “Apesar de serem questões predominantemente fiscais, há reflexos na política monetária. O crescimento da produtividade, por sua vez, também influencia as decisões dos bancos centrais, sendo crucial para sustentar o crescimento econômico sem gerar inflação”, concluiu.