Política do Fed só mudará quando dados mostrarem progresso, diz Powell

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São Paulo – O Federal Reserve (Fed) irá alterar sua política atual apenas quando os dados mostrarem um caminho sustentável para as metas de pleno emprego e estabilidade de preços e essa mudança será comunicada com clareza e antecipadamente, disse o presidente o banco central norte-americano, Jerome Powell, no segundo dia de depoimentos ao Congresso.

Segundo ele, no entanto, essa mudança está longe de acontecer e a acomodação monetária deve ser mantida por algum tempo. “Temos 10 milhões de desempregados nos Estados Unidos e a taxa de desemprego real é de 10,0% [contra 6,3% registrada em janeiro]. Há muita ociosidade no mercado de trabalho norte-americano. Estamos longe do pleno emprego”, disse ele ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.

“Setores mais expostos à pandemia como restaurantes e aqueles ligados ao turismo e lazer certamente são os que concentram a maior parte dos efeitos negativos sobre o mercado de trabalho, mas também acredito que outros setores não estão no nível planejado por conta da pandemia”, acrescentou.

Junto com o pleno emprego, a estabilidade de preços faz parte do mandato duplo do Fed. Em agosto do ano passado, o banco central norte-americano mudou sua abordagem para inflação, indicando que permitirá que a taxa fique acima da meta de 2,0% por algum tempo para compensar períodos em que ficou abaixo desse patamar. Na ocasião, a autoridade monetária também indicou que a queda da taxa de desemprego não seria mais um gatilho único para o ajuste dos juros.

“Nossa ideia com a nova estratégia para inflação é manter as expectativas de inflação bem ancoradas em 2,0% e não abaixo disso”, afirmou Powell aos deputados, acrescentando que o Fed não tem uma fórmula ou meta fixa para o período no qual a inflação ficar acima da meta.

Mais uma vez, Powell disse que o Fed espera uma aceleração da inflação nos próximos meses com o processo de vacinação em andamento e ao passo que as pessoas retomam suas rotinas, mas alertou que esse movimento será temporário.

“Esperamos que uma aceleração da inflação nos próximos meses, mas não deve ser um comportamento permanente. Caso seja, o Fed tem todas as ferramentas para lidar com essa situação”, afirmou ele, lembrando os deputados de que “as dinâmicas de inflação não mudam de um dia para o outro”.

Em março, o Fed cortou a taxa de juros para o patamar atual de zero a 0,25% ao ano e retomou as compras de ativos, atualmente em US$ 120 bilhões ao mês, para apoiar a economia durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Além disso, o banco central lançou vários programais emergenciais de crédito para apoiar empresas e famílias.