Política monetária está menos restritiva, mas riscos continuam, diz presidente do BCE

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, destacou os impactos das tensões comerciais na economia da zona do euro. Ela apontou que a ameaça do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas à região resultou em uma redução nas exportações e um menor interesse por investimentos.

Durante a coletiva de imprensa após a decisão do BCE de cortar as três principais taxas de juros em 0,25 ponto percentual (pp), Lagarde apelou aos governos da União Europeia (UE) para fortalecerem a competitividade do bloco, a fim de mitigar essas pressões econômicas.

A presidente também se mostrou otimista em relação ao processo de desinflação, afirmando que ele está bem encaminhado. Segundo ela, com isso, a política monetária do BCE se tornou significativamente menos restritiva. Ao comentar a revisão para cima da perspectiva de inflação para 2025, que passou para 2,3%, Lagarde atribuiu a mudança principalmente à “dinâmica mais forte dos preços da energia”.

Em relação ao crescimento econômico, Lagarde observou que os riscos permanecem voltados para o lado negativo, devido a fatores como as tensões comerciais, as preocupações geopolíticas e um aperto monetário mais demorado do que o previsto. No entanto, ela apontou que o consumo doméstico e o investimento podem impulsionar o crescimento, com o alívio nas taxas de juros e a queda na inflação. Ela também mencionou que o aumento dos gastos com defesa e infraestrutura pode ser um fator relevante para a aceleração do crescimento.

Em termos de inflação, Lagarde explicou que as fricções comerciais estão contribuindo para a depreciação do euro, o que, por sua vez, eleva os custos de importação. No entanto, a redução nas exportações da zona do euro devido às tarifas, assim como o “redirecionamento de exportações de países com excesso de capacidade”, podem gerar uma pressão deflacionária. Ela também destacou que os gastos em defesa e infraestrutura podem exercer uma pressão inflacionária devido ao aumento da demanda agregada.

Quando questionada repetidamente sobre se as taxas de juros continuariam a cair, Lagarde enfatizou que o BCE não segue um caminho predeterminado. “O cenário no momento está nublado com incertezas”, afirmou. “Teremos que ser extremamente vigilantes. Teremos que ser ágeis. Se os dados indicarem que a postura monetária mais apropriada é um corte, será um corte. Se não for cortar, então será uma pausa.”

Lagarde também observou que a postura monetária do BCE está sendo ajustada com base nas informações econômicas mais recentes, mas que o banco central permanecerá atento às condições do mercado e flexível para responder conforme necessário.