São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, alertou para os riscos que uma segunda onda de contágio do novo coronavírus pode provocar nos Estados Unidos.
Segundo ele, a tarefa de colocar a economia de pé novamente será mais difícil nesse caso.
“A recuperação da economia está ligada à confiança das pessoas em sair de casa e retomar sua vida, suas atividades. Se uma segunda onda do vírus nos atingir, essa confiança seria abalada”, afirmou Powell durante uma webcast promovida pela Universidade de Princeton.
O chefe do Fed voltou a reafirmar o compromisso do banco central com a estabilidade de preços e o pleno emprego – seu mandato duplo – assim como com a recuperação da economia.
“O que o Fed quer é fazer as pessoas retornarem ao trabalho ou ajudá-las a encontrar um emprego novo”, disse. “Nossa meta, no momento, é o emprego. Não vamos nos distrair com outras questões”, acrescentou.
Neste sentido, Powell afirmou que a inflação não é um problema para o banco central neste momento. A meta do Fed é de inflação simétrica em 2% ao ano.
“Os riscos da inflação neste momento são de baixa e não de alta. Alguns itens tiveram seus preços reajustados devido à maior demanda pela pandemia, mas teremos que conviver com uma inflação mais baixa por algum tempo ainda”, completou.
JUROS NEGATIVOS
A taxa negativa de juros não é apropriada para os Estados Unidos, pois seus benefícios não compensam os efeitos colaterais que provoca na economia, disse Powell.
“A evidência sobre os benefícios da taxa de negativa de juros é ambígua”, afirmou ele, acrescentando que interfere na intermediação do crédito.
Neste sentido, Powell garantiu que a taxa de juros deve permanecer nos níveis atuais – na faixa entre zero e 0,25% ao ano – por algum tempo. Em outras ocasiões, o chefe do Fed já havia afirmado que não mexeria nos juros até ter garantias de que a recuperação econômica está consolidada.
No entanto, a tarefa de Powell de manter a taxa básica nessa faixa não é fácil. Isso porque ele vem sofrendo pressão constante do presidente norte-americano, Donald Trump, para reduzir ainda mais a faixa, tornando os juros negativos como uma forma de torna a economia dos Estados Unidos mais competitiva com relação aos seus pares.
Falando na webcast, Powell defendeu a independência do Fed e disse que o banco central deve ficar à margem de questões políticas.