Powell deixa aberta possibilidade de mais aumentos nas taxas do Fed, mas não dá certezas

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, deixou aberta a possibilidade de mais aumentos na taxa básica, mas destaca que, apesar das recentes projeções, nenhuma decisão real foi tomada pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Powell falou após a decisão do Comitê de manter inalterada a meta da taxa de juros entre 5,0% e 5,25%.

Apesar da pausa no ciclo de aumentos que o Fed vem fazendo desde o ano passado, as projeções econômicas dos membros indicam que 2023 terminará com as taxas entre 5,5% e 5,75%. Isso significaria que mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual (pp) estão para acontecer.

DECISÃO “AO VIVO”

Questionado sobre se algum desses aumentos estaria programado para a reunião de julho, Powell afirmou que “nenhuma decisão foi tomada em relação ao futuro”. “A próxima decisão será tomada ‘ao vivo’ na reunião”.

Segundo ele, “a maioria dos membros acredita que mais aumentos nas taxas serão necessários”, mas que “a necessidade de endurecimento adicional na política monetária” seriam avaliados de acordo com os dados recebidos a cada encontro do Comitê.

Pressionado sobre o motivo de tal pausa se o Fomc planejava aumentar as taxas de qualquer maneira, Powell recuou e disse que “ao nos aproximarmos da taxa terminal estimada, diminuímos o ritmo do aperto”. Para ele, a pausa atual é mais uma forma do Fed desacelerar essa chegada e tomar uma postura “prudente”.

SALTO NÃO, PAUSA

Em determinado momento, no entanto, o presidente do Fed se referiu à decisão de pausa nos aumentos de “salto”, termo usado pela imprensa para determinar um adiamento de alta na taxa de juros para a próxima reunião.

“Eu não deveria me referir à pausa como salto”, ele se corrigiu imediatamente. Depois, ele afirmou que “projeções do Fed não são planos ou decisões, são perspectivas”.

INFLAÇÃO E EMPREGO

Sobre a inflação alta, Powell afirmou que, para o Comitê, houve uma desaceleração mas os riscos permanecem altos. “O núcleo do índice PCE não caiu significativamente nos últimos seis meses”, ressaltou se referindo ao indicador preferido do Fed para pressões inflacionárias que exclui as movimentações de preços de alimentos e combustíveis.

Ele explicou que uma das partes mais importantes que contribuem para a inflação no país, os aumentos de salários no setor de serviços não imobiliários, precisarão de um arrefecimento do mercado de trabalho para terem impacto. Isso, segundo Powell, “começou há pouco a serem percebidos”.

Apesar de destacar novamente que o caminho para a queda inflacionária envolveria perdas de emprego, Powell expressou admiração pela “resiliência” do mercado de trabalho norte-americano e indicou que há esperanças de um “soft landing” — uma baixa na pressão dos preços sem engatilhar uma recessão.

Powell também observou que o acúmulo dos apertos feitos desde o ano passado e a redução nas condições de crédito causada pela crise bancária terão impacto nas deciões. “Ainda é impossível avaliar a extensão desses efeitos”, afirmou.

Por fim, o presidente descartou a possibilidade de cortes nas taxas de juros nos próximos anos.