Powell diz que Fed não precisa ter pressa para cortar juros

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, prestou depoimento ao Comitê Bancário do Senado dos Estados Unidos hoje, e voltou a dizer que a economia norte-americana está indo bem. Powell porém disse que o Fed pode esperar um tempo para decidir quando e se deve reduzir a taxa de juros.

“Com nossa política agora significativamente menos restritiva do que antes e a economia permanecendo forte, não precisamos ter pressa para ajustá-la”, disse Powell em seu discurso preparado ao Comitê.

Powell defendeu os cortes de juros do ano passado como um ajuste necessário diante da melhora na inflação e do arrefecimento do mercado de trabalho. 

Ele indicou dois possíveis caminhos para a política monetária em 2025: juros estáveis por mais tempo se a inflação não continuar caindo para a meta de 2%, especialmente se a economia permanecer forte. Ou o Fed reduzindo os juros caso o mercado de trabalho enfraqueça inesperadamente ou a inflação desacelere mais rapidamente do que o esperado.

Powell ainda disse que era possível que as taxas de juros de longo prazo permanecessem em níveis mais altos se os investidores se preocupassem mais com o aumento dos déficits orçamentários ou novos choques que gerassem riscos de inflação.

“[Os juros de longo prazo] estão altos por razões não particularmente relacionadas à política [monetária] do Fed”, disse Powell.

Ele também acrescentou que a taxa de juros neutra provavelmente aumentou substancialmente em comparação ao período antes da pandemia. 

“Ela estava claramente muito baixa antes da pandemia”, diz ele. “Acho que subiu. E muitos dos meus colegas no Fomc” também pensam assim”, diz Powell. 

A taxa neutra é a taxa de juros de referência hipotética que não restringe nem impulsiona a economia, e seu valor informa se a política do Federal Reserve é hawkish ou dovish em qualquer momento. 

Sobre o mercado imobiliário, Powell disse que as taxas de hipoteca permanecem altas mesmo após os cortes do último ano do Fed, mas que isso pode mudar no futuro.

“É verdade que as taxas de hipoteca subiram ou permaneceram altas, mas isso não está diretamente relacionado à taxa do Fed”, disse Powell.

“Isso está mais ligado às taxas dos títulos de longo prazo, especialmente os Treasuries de 10 e 30 anos, por exemplo. E essas taxas estão altas por razões que não estão diretamente ligadas à política do Fed.”

TARIFAS

Powell pouco mencionou sobre as tarifas que estão sendo impostas pelo governo Trump, mas enfrentou questionamentos sobre o tema por parte dos membros do Comitê Bancário do Senado.

Em uma das perguntas, ele reiterou que não é papel ou responsabilidade do Fed se envolver em políticas comerciais.

“Acredito que o argumento padrão a favor do livre comércio ainda faz sentido do ponto de vista lógico. Mas isso não funcionou tão bem quando temos um país muito grande que não segue exatamente as regras”, disse Powell.

“De qualquer forma, não cabe ao Fed criar ou comentar políticas tarifárias… Isso é trabalho dos representantes eleitos, não nosso. Nossa função é reagir a isso de forma cuidadosa e sensata, ajustando a política monetária para que possamos cumprir nosso mandato.”

Numa outra questão, ele reforçou que não pode garantir que os cidadãos americanos não pagarão mais caro após a imposição das tarifas.