Powell diz que momento é de reduzir compra de ativos e não de subir juros

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçou os recentes sinais de que a redução gradual das compras de ativos está prestes a começar, mas afastou especulações de que o banco central norte-americano elevará a taxa de juros neste momento para conter a disparada da inflação.
Falando em evento virtual do Banco de Compensações Internacionais (Bank of International Settlements, BIS) e do Banco da Reserva da África do Sul, Powell reconheceu que há riscos de que a inflação siga elevada nos Estados Unidos, mas ainda assim pediu paciência e afirmou que o Fed está avaliando todos os cenários e segue preparado para agir mais agressivamente caso seja necessário.
“O Fed está pronto para começar a reduzir as compras de ativos e esse processo deve ser concluído em meados de 2022”, disse ele. “As taxas de juros podem subir caso haja um risco grave que eleve as expectativas de inflação”, acrescentou ele, reforçando que “agora é a hora de reduzir as compras de ativos e não de elevar a taxa de juros”.
Desde março do ano passado, o Fed vem mantendo a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ano e realizando compras mensais de ativos, atualmente no ritmo de US$ 120 bilhões. A ata da reunião de setembro mostrou que os membros do comitê de política monetária estão prontos para começar a reduzir as compras desses ativos a partir de meados de novembro ou de dezembro e encerrar o processo até a metade do ano que vem.
Na ocasião, os membros do comitê discutiram um plano que reduziria essas compras em US$ 15 bilhões por mês, o que significa que seriam concluídas em junho próximo. Esse cronograma para a eliminação gradual do programa de estímulo do Fed é mais rápido do que os investidores previam há poucos meses e reflete em parte como a aceleração da inflação neste ano está durando mais tempo do que o Fed previa inicialmente.
Em agosto, o índice de preços para os gastos pessoais (PCE) – medida preferida do Fed para a inflação – subiu 0,4% na comparação mensal e teve alta de 4,3% em termos anuais – mais que o dobro da meta de 2% de longo prazo do banco central norte-americano.
Durante a conferência virtual, Powell se mostrou um pouco mais preocupado com a aceleração da inflação e disse que o Fed observaria cuidadosamente os sinais de que as famílias e as empresas esperam que as pressões de preços sustentadas continuem.
“As restrições do lado da oferta pioraram”, afirmou ele, contrariando o entendido anterior do banco central norte-americano de que as pressões sobre os preços diminuiriam à medida que a pandemia fosse controlada.
Neste sentido, Powell disse que seria importante que o Fed se mantivesse flexível nos próximos meses. “Precisaremos ter certeza de que nossa política está posicionada para uma série de resultados possíveis”, afirmou ele.
Sobre o mercado de trabalho, Powell se mostrou mais otimista. Embora tenha indicado que ainda há 5 milhões de norte-americanos sem emprego no país, ele sinalizou que o pleno emprego – que junto com a inflação em 2% faz parte do mandato duplo do Fed – pode ser alcançado no próximo ano.
“É possível, embora não seja uma certeza de que o pleno emprego seja alcançado no ano que vem”, disse ele, acrescentando que muitas pessoas devem voltar ao mercado de trabalho com o retorno integral das escolas e ao passo que perdem o medo de se contaminarem com o novo coronavírus ao passo que a vacinação ganhar tração nos Estados Unidos.
Em setembro, a economia dos Estados Unidos criou 194 mil postos de trabalho e a taxa de desemprego caiu para 4,8%, de 5,2% em agosto.