Powell diz que política continuará acomodatícia por algum tempo

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São Paulo – O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manterá sua política acomodatícia por algum tempo mesmo depois de iniciar a redução das compras de ativos, disse o presidente a instituição, Jerome Powell, no segundo dia de depoimentos ao Congresso norte-americano.

“Vamos avaliar nas próximas reuniões se o progresso substancial na direção das metas foi alcançado e a redução das compras de ativos neste contexto. E mesmo depois que decidirmos quando será o momento para essa redução, a taxa de juros não deve ser alterada. Nossa política continuará acomodatícia por algum tempo”, afirmou.

Desde março de 2020, o Fed mantém a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ao ano. Além disso, o banco central norte-americano vem comprando US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e lastreados em hipotecas ao mês.

Em junho, os membros do comitê de política monetária concordaram em começar a avaliar nas próximas reuniões o progresso substancial na direção das metas de pleno emprego e estabilidade de preços para tratar da redução das compras de ativos.

“Vamos avaliar na próxima reunião, que acontece em algumas semanas, a composição das compras de ativos”, disse Powell. A próxima reunião do Fed está marcada para os dias 27 e 28 de julho. “Essa será a segunda reunião na qual vamos tratar diretamente da compra de ativos”, acrescentou.

Alguns membros do comitê de política monetária acreditam que a compra de US$ 40 bilhões mensais em títulos lastreados em hipotecas tem contribuído com a disparada de preços no mercado imobiliário norte-americano. Sob esse argumento, parte deles defende que o Fed comece a redução das compras de ativos pelos chamados mbs e não pelos títulos do Tesouro.

Apesar de reconhecer que o debate sobre a retirada de parte da acomodação está ganhando força no Fed, Powell disse aos senadores que a política monetária atual continua sendo apropriada.

INFLAÇÃO

Na audiência de hoje, Powell foi muito questionado sobre a disparada da inflação nos Estados Unidos. Segundo ele, o Federal Reserve se concentra em garantir que as expectativas de inflação estejam bem ancoradas em 2% e se a taxa persistir em patamar elevado, o banco central norte-americano avaliará a necessidade de reagir.

“O Fed está avaliando cuidadosamente o comportamento da inflação. Evidentemente não estamos confortáveis com o nível atual da inflação, mas acreditamos que essa disparada está ligada a muitos fatores da reabertura que vão desaparecer com a consolidação da recuperação. Nosso objetivo é manter as expectativas bem ancoradas em 2% e temos visto isso”, afirmou ele.

No início da semana, o Departamento de Trabalho norte-americano divulgou que a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 5,4% em junho – o maior patamar em mais de uma década.

“Nossa estratégia é clara: permitiremos que a inflação supere a meta de 2% moderadamente por algum tempo para compensar períodos em que esteve abaixo disso. O que vemos agora é uma inflação muito acima desse patamar e isso não é tolerável”, afirmou.

Apesar desse entendimento, Powell voltou a reafirmar sua confiança de que a inflação vai desacelerar conforme os gargalos de oferta forem sendo solucionados e a euforia da reabertura econômica perder força.

“Muito do aumento de preços está ocorrendo em setores como bares, restaurantes, passagens aéreas e aluguéis de carros – que foram duramente afetados na pandemia. Não vemos um aumento de preços amplo ou se espalhando por outras categorias, por isso, entendemos que essa disparada da inflação é transitória”, disse.