Powell diz que redução da compra de ativos pode ocorrer ainda este ano

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São Paulo – O Federal Reserve (Fed) deve começar a reduzir as compras de ativos, atualmente no ritmo de US$ 120 bilhões ao mês, ainda este ano se as condições econômicas continuarem evoluindo como o esperado, disse o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, em discurso no simpósio de Jackson Hole.

“Na recente reunião do Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto] em julho, eu era de opinião, assim como a maioria dos participantes, que se a economia evoluísse amplamente como previsto, poderia ser apropriado começar a reduzir o ritmo de compras de ativos este ano”, afirmou ele.

O Fed estabeleceu que só reduziria o nível extraordinário de acomodação monetária oferecido no auge da crise provocada pela pandemia de covid-19, em março de 2020, quando houvesse progresso substancial em direção às metas de pleno emprego e estabilidade de preços – um processo que vem sendo medido desde dezembro passado, quando o banco central articulou essa orientação pela primeira vez.

“Minha opinião é que o teste do ‘progresso substancial adicional’ foi cumprido para a inflação. Também houve um claro progresso em direção ao emprego máximo”, disse ele, acrescentado que o último relatório de emprego trouxe mais progresso.

Em julho, a economia dos Estados Unidos criou 943 mil postos de trabalho e a taxa de desemprego caiu para 5,4%, de 5,9% em junho – quando 938 mil postos de trabalho foram abertos. Já o índice de preços para os gastos pessoais (PCE) – a métrica preferida do Fed para a inflação – avançou 0,4% em julho na comparação mensal e 4,2% em base anual. O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,3% em termos mensais e 3,6% em termos anuais em junho.

“Estaremos avaliando cuidadosamente os dados recebidos e os riscos em evolução. Mesmo após o término de nossas compras de ativos, nossas elevadas detenções de títulos de longo prazo continuarão a apoiar condições financeiras acomodatícias”, acrescentou.

TAXA DE JUROS

Embora tenha dado o sinal mais forte até o momento sobre o prazo para a aguardada redução das compras de ativos, Powell reduziu as expectativas em torno de um possível aumento da taxa de juros – mantida perto de zero desde março de 2020 – mesmo em um cenário de disparada de inflação nos Estados Unidos.

“O momento e o ritmo da próxima redução nas compras de ativos não terão a intenção de transmitir um sinal direto sobre o momento do aumento da taxa de juros, para o qual articulamos um teste diferente e substancialmente mais rigoroso”, disse ele.

O chefe do Fed reforçou a tese de que o intervalo da taxa de juros – de zero a 0,25% ao ano – será mantido em seu nível atual até que a economia norte-americana alcance condições consistentes com o pleno emprego máximo e que a inflação tenha atingido 2%, considerando a nova estratégia de permitir que a taxa supere esse nível por algum tempo para compensar períodos em que esteve abaixo desse patamar.

“Temos muito terreno a percorrer para alcançar o emprego máximo, e o tempo dirá se atingimos 2% de inflação em bases sustentáveis”, afirmou.

No discurso, reforçou que a política monetária atual segue apropriada e indicou que o comitê segue preparado para ajustar suas ferramentas caso seja necessário para apoiar a recuperação da economia norte-americana e alcançar o mandato duplo.

INFLAÇÃO

A disparada da inflação nos Estados Unidos é motivo de preocupação, mas dados recentes mostram que há tendência de moderação nos preços, enquanto o emprego segue em ritmo de recuperação, embora ainda enfrente algumas turbulências, disse o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em discurso no simpósio de Jackson Hole.

“As empresas e os consumidores relatam amplamente pressões de alta sobre os preços e salários. A inflação nesses níveis é, obviamente, motivo de preocupação. Mas essa preocupação é temperada por uma série de fatores que sugerem que essas leituras elevadas provavelmente serão temporárias. Esta avaliação é crítica e contínua, e estamos monitorando cuidadosamente os dados recebidos”, disse ele.

EMPREGO

Em seu discurso, Powell reconheceu que as perspectivas para o mercado de trabalho norte-americano melhoraram consideravelmente nos últimos meses. Segundo ele, os ganhos de empregos aumentaram continuamente ao longo deste ano e agora são em média 832.000 nos últimos três meses, dos quais quase 800.000 estiveram no setor serviços.

“O ritmo de contratação total é mais rápido do que em qualquer momento nos dados registrados antes da pandemia. Os níveis de aberturas e demissões estão em níveis recordes, e os empregadores relatam que não conseguem preencher vagas com rapidez suficiente para atender à demanda recorrente”, afirmou.

Para Powell, as condições favoráveis ​​para quem procura emprego nos Estados Unidos devem ajudar a economia a cobrir o considerável terreno restante para alcançar o pleno emprego. Ele, no entanto, alerta que, embora a taxa de desemprego tenha caído para 5,4%, ainda é muito alta.

“O desemprego de longo prazo continua elevado e a recuperação na participação da força de trabalho tem ficou bem atrás do resto do mercado de trabalho, como aconteceu em recuperações anteriores”, disse.

O chefe do fed acredita, porém, que com o aumento das vacinações, a reabertura de escolas e o fim dos benefícios de desemprego, alguns fatores que podem estar travando a retomada do emprego com mais celeridade irão desaparecer.