São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed,o banco central norte-americano), Jerome Powell, voltou a afirmar que a principal ferramenta de política monetária é a taxa de juros, que está sendo mantida na faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano desde o final do ano passado.
“O Fed tem muitas ferramentas à disposição para conter choques e garantir o cumprimento do mandato duplo [de estabilidade de preços e pleno emprego] e essas ferramentas foram amplamente usadas durante a última crise financeira”, afirmou Powell ao Comitê Bancário do Senado.
O chefe do Fed lembrou ainda que o banco central norte-americano usa a orientação futura como uma ferramenta complementar de sua política monetária. “Em um ambiente de taxa de juros baixa, o uso de todas as ferramentas é necessário, incluindo a orientação futura, que tem sido amplamente explorada pelo Fed nos últimos anos”, acrescentou.
INFLAÇÃO
Powell afirmou, no entanto, que a política monetária precisa ser atualizada para lidar com um cenário de inflação mais baixa.
“Um mundo com inflação mais baixa e taxas de juros mais baixas cria um ambiente muito desafiador para a realização do trabalho que o Congresso nos deu”, disse Powell. “É por isso que estamos mergulhando profundamente na estrutura de políticas do banco central”, acrescentou.
A meta de inflação do Fed é de 2% – nível que as autoridades consideravam consistente com uma economia saudável. No entanto, a inflação segue abaixo desse objetivo nos Estados Unidos em um momento no qual a taxa de juros nas economias avançadas está em níveis muito mais baixos do que antes da crise financeira de 2008.
“Estamos procurando garantir que neste ambiente de juros mais baixos, sejamos capazes de usar nossas ferramentas para apoiar a economia”, disse.
PLENO EMPREGO
O presidente do Fed garantiu ainda que o banco central norte-americano usará todas as ferramentas disponíveis para manter o mercado de trabalho dos Estados Unidos aquecido, mas lembrou que é tarefa do governo manter as pessoas na força de trabalho.
“O governo precisa de políticas para administrar os desafios que a tecnologia apresenta, por exemplo, oferecendo qualificação e capacitando as pessoas, para que elas ingressem na força de trabalho”, disse.
Questionado sobre a participação da força de trabalho, Powell caracterizou o achatamento da taxa nos últimos anos como um desenvolvimento positivo para a economia. “Existe uma resposta de oferta do público, o que é uma coisa muito positiva”, afirmou.
Dados do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos mostrou que, em janeiro, a taxa de participação da força de trabalho foi de 63,4%.
Sobre os salários, Powell comentou que o aumento médio das remunerações nos Estados Unidos é de 3% ao ano. “Diante do baixo nível da taxa de desemprego nos Estados Unidos e do crescimento da econômica, não vemos motivos para o salário não subir acima do esperado”, disse. “É surpreendente que os salários não avancem com mais força”, acrescentou.
CORONAVÍRUS
Powell também foi questionado pelos senadores sobre o efeito do surto de coronavírus na economia norte-americana. Ele afastou especulações, indicando que os próximos dados devem sinalizar os possíveis reflexos do surto na atividade econômica.
“Ainda é cedo para avaliar esses efeitos”, disse. “A China deve sentir os maiores efeitos do surto. Aqui, nos Estados Unidos, esses efeitos devem ser sentidos também, mas em proporção menor”, acrescentou.
Ele afirmou que o Fed está acompanhando de perto a reação dos mercados financeiros ao novo coronavírus, que já matou mais de mil pessoas e infectou quase 45 mil.
“Os Estados Unidos não recebem tantos turistas chineses assim, então não devemos sentir por esse ângulo. Nossa preocupação é com o mercado financeiro, que pode espalhar os efeitos negativos do coronavírus para a economia com reações exageradas”, completou.