Powell promete ações agressivas do Fed para garantir recuperação econômica rápida

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São Paulo – A taxa de juros nos Estados Unidos deve permanecer próxima de zero até que o banco central do país tenha certeza de que a economia resistiu à crise e está no caminho certo para alcançar o mandato duplo de pleno emprego e estabilidade de preços, disse o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em discurso via webcast para o Brookins Institution.

Neste sentindo, ele afirmou que o Fed também pode contribuir de maneiras importantes: fornecendo medidas de alívio e estabilidade durante esse período de atividade econômica restrita e usando ferramentas para garantir que a eventual recuperação seja o mais vigorosa possível.

“Ainda mais importante, agimos para salvaguardar os mercados financeiros, a fim de proporcionar estabilidade ao sistema financeiro e apoiar o fluxo de crédito na economia”, disse no texto. “Agimos com força para que nossos mercados voltassem a funcionar e, como resultado, as condições do mercado geralmente melhoraram”, acrescentou.

Powell lembrou, no entanto, que muitos dos programas usados pelo Fed para apoiar o fluxo de crédito dependem de poderes de empréstimo emergenciais que estão disponíveis apenas em circunstâncias incomuns – como as que nos encontramos hoje – e somente com o consentimento pelo Tesouro.

“Estamos empregando esses poderes para empréstimos em uma extensão sem precedentes, possibilitada em grande parte pelo apoio financeiro do Congresso e do Tesouro. Continuaremos a usar esses poderes de maneira vigorosa, proativa e agressiva até termos certeza de que estamos solidamente no caminho da recuperação”, afirmou.

No discurso, Powell disse ainda que o Fed só pode emprestar para entidades solventes e assim garantir que os empréstimos sejam totalmente reembolsados.

“Na situação que enfrentamos hoje, muitos mutuários se beneficiarão com esses programas, assim como a economia em geral. Mas também haverá entidades de vários tipos que precisam de apoio fiscal direto, em vez de um empréstimo que teriam dificuldade em pagar”, disse.

O chefe do Fed indicou também que a retirada da acomodação oferecida neste momento pelo banco central acontecerá apenas quando houver garantias de que a recuperação será sólida e de maneira gradual, em fases.

“Quando a economia estiver voltando à recuperação e os mercados e instituições privadas puderem, mais uma vez, desempenhar suas funções vitais de canalizar crédito e apoiar o crescimento econômico, deixaremos essas ferramentas de emergência de lado”, afirmou.

SEGUNDO TRIMESTRE FRACO

A economia norte-americana deve ter um desempenho muito fraco no segundo trimestre do ano diante das medidas restritivas adotadas pelo governo para impedir a propagação do novo coronavírus, disse Powell. Ele não fez previsões, mas afirmou que muitos esperam uma retomada da economia dos Estados Unidos a partir do segundo semestre deste ano.

“Como outros países, estamos tomando medidas vigorosas para controlar a propagação do vírus. As empresas fecharam, os trabalhadores ficaram em casa e suspendemos muitas interações sociais básicas”, afirmou.

“Foi solicitado às pessoas que deixassem suas vidas e meios de subsistência em um custo econômico e pessoal significativo. Estamos nos movendo com uma velocidade alarmante de baixos de 50 anos no desemprego para níveis que provavelmente serão muito altos, embora temporários”, acrescentou.

Por isso, Powell defendeu que o governo tenha um plano de reabertura da economia. A declaração acontece em um momento no qual a imprensa norte-americana reporta que o secretário do Tesouro do país, Steven Mnuchin, afirmou hoje que a economia deve ser reaberta em maio.

“É importante ter um plano para a reabertura da economia, quando isso for possível, para que não tenhamos uma retomada falsa e voltemos ao clico de problemas que estamos vendo agora”, disse.

Em uma mensagem final, Powell pediu que as pessoas continuem em casa mesmo diante desse período difícil, mas garantiu que a política monetária está bem posicionada e será usada sempre que necessário para trazer alívio para a economia.

Mais cedo, Fed anunciou que irá fornecer até US$ 2,3 trilhões em empréstimos para apoiar a economia dos Estados Unidos durante a pandemia do novo coronavírus, ajudando famílias e empresas, além contribuir para que governos estaduais e locais possam manter os serviços fundamentais.