Powell vê alta de juros distante, mas diz que compra de ativos é avaliada

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, descartou um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos mesmo com a aceleração da inflação prevista para continuar nos próximos meses, mas sinalizou que a redução da compra de ativos pode estar mais próxima.

“O progresso substancial na direção das metas está sendo avaliado reunião a reunião e, com ele, a possibilidade de redução das compras de ativos está sendo discutida. Não só a redução das compras como a sua composição”, disse ele em entrevista coletiva. “Mas ainda estamos longe de elevar os juros, já que consideramos que a inflação mais alta é transitória”, acrescentou.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) manteve hoje a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ao ano e seguiu com as compras de ativos em US$ 120 bilhões, sendo US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões em títulos lastreados em hipotecas.

Na decisão, o Fomc indicou que, até ver progressos substanciais na direção do pleno emprego e da inflação em 2%, a política monetária seguirá acomodatícia nos Estados Unidos.

“Ainda estamos distantes de alcançar o pleno emprego e a estabilidade de preços. De um lado temos um mercado de trabalho que está se recuperando, mas tem um limite na velocidade dessa recuperação, já que não é possível devolver imediatamente todas as milhares de pessoas que ficaram sem trabalho de uma vez. Do outro, temos uma inflação bem acima da meta devido a fatores transitórios e que estão ligados à pandemia”, afirmou Powell.

O chefe do Fed reconheceu que a economia norte-americana está se recuperando em ritmo bastante forte e deve ter a maior taxa de crescimento em décadas. Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos neste ano, passando-o de 6,4% para 7,0%.

“Estados Unidos e Europa estão se recuperando bem dos efeitos da pandemia, mas essa recuperação é bastante desigual se olharmos sobre o prisma da economia global. Muito disso se deve ao desequilíbrio no acesso às vacinas”, afirmou Powell.

Questionado se a variante Delta do coronavírus poderia afetar o desempenho da economia norte-americana e, por consequência, a política do Fed, Powell disse: “Estamos monitorando cuidadosamente a variante Delta, mas já percebemos que as ondas de covid-19 têm um efeito muito pequeno sobre a economia. A variante Delta pode afetar as decisões de gastos e viagens, mas, até o momento, não é um grande risco para o Fed”.