PPI da Petrobras faz 6 anos com preço mais alto e redução do poder de compra do trabalhador

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São Paulo – Em seis anos de vigência do PPI (preço de paridade de importação), completados na última sexta-feira, 14, os combustíveis registraram alta recorde de preço. O campeão é o gás de cozinha (GLP), utilizado sobretudo pela população mais pobre, com reajuste acumulado no período (15/10/2016 a 14/10/2022) de 280,7%, nas refinarias da Petrobrás. Em seguida, vem o óleo diesel, com 181,6%, e a gasolina, 119,5%.

Enquanto isso, o salário mínimo, sem aumento real, teve reajuste de 37,7%, ao longo desses anos. A discrepância entre a alta do GLP, provocada pela política de preços de combustíveis, e a queda do poder de compra do trabalhador levou famílias de baixa renda a substituir o botijão de gás por lenha para cozinhar.

Os dados são da Petrobrás e analisados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-FUP), que faz também uma comparação entre variação de preços em períodos antes do PPI.

Os reajustes concedidos pelo PPI superaram a alta dos últimos treze anos anteriores à adoção da atual política de preços, ou seja, entre 1 de janeiro/ 2003 e 14 de outubro/ 2016. Nesse período, o GLP teve elevação de 15,5%; o diesel, de 111,4%; e a gasolina 116,4%. Já o salário-mínimo, com aumento real, cresceu 228,3%.

O PPI, implantado em 14 de outubro de 2016 e mantido pelo governo Bolsonaro, reajusta os preços dos combustíveis com base na cotação internacional do petróleo, variação cambial e custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo.

A proposta de acabar com o PPI e adotar um novo mecanismo de reajuste de preço foi apresentada pela Federação Única dos Trabalhadores (FUP) à coordenação do programa de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência da República.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, destaca que observar os custos nacionalizados da extração e produção de petróleo e o custo do refino é importante para formar preços no Brasil. “E não basear-se apenas no preço do barril no mercado internacional, na oscilação do dólar e nos custos de importação. Não faz sentido isso para um país como o Brasil, que tem petróleo suficiente e refinarias que atendem a 90% da demanda interna”, diz ele.