Prates confirma que Petrobras não venderá Refinaria Alberto Pasqualini, no RS

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São Paulo – O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou na última sexta-feira (26) que a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, no Rio Grande do Sul não vai ser vendida e que acabou essa história de desinvestimento.

Prates esteve na refinaria para inaugurar um sistema de tratamento para os gases de combustão da unidade de craqueamento catalítico.

Prates destacou ainda que é preciso trabalhar na transição energética, com cada setor da empresa fazendo a sua parte.

“Precisamos fazer a transição energética juntos, produzindo petróleo, gás e produtos derivados cada vez mais descabornizados, menos insolentes ao meio ambiente. De forma mais confortável para a nossa força de trabalho”, salientou o presidente da estatal.

DIESEL RENOVÁVEL

A companhia prevê multiplicar em seis vezes sua capacidade de produção do diesel de conteúdo renovável (chamado Diesel R5) no horizonte de seu Plano Estratégico 2023-2027. Com o domínio da tecnologia, a expansão da capacidade de produção do Diesel R dará um salto dos atuais 1,6 bilhão de litros anuais para 10,6 bilhões de litros por ano até 2027.

Em abril, a companhia produziu um novo lote de 5,8 milhões de litros diesel com 5% de DieselR5. Segundo a companhia, esse montante é reflexo do avanço em sua estratégia de transição energética.

Atualmente, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, é a única que produz o Diesel R no Brasil, com capacidade instalada para processar até 1,6 bilhão de litros por ano. Até o fim deste ano, a expectativa é ampliar a capacidade da Repar para mais 2,4 bilhões de litros de Diesel R (num total de 4 bilhões de litros) bem como iniciar a produção desse combustível na Refinaria de Cubatão (RPBC), em SP, com potencial de até 700 milhões por ano.

Em continuidade à trajetória de expansão, terá início, até 2027, a produção de Diesel R na Refinaria de Paulínia (Replan, SP), com capacidade de até 2,6 bilhões de litros por ano seguida pela Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro/RJ, com 900 milhões de litros/ano, e da Refinaria Capuava (Recap), em Mauá/SP, com 2,3 bilhões/ano.

Todas elas estarão aptas a produzir diesel com conteúdo renovável. Além disso, até 2027, a companhia implantará uma unidade dedicada à produção de Bioqav e diesel 100% renovável (diesel R100) na RPBC.

TESTES PARA PRODUTOS DE ORIGEM RENOVÁVEL

A Petrobras informou nesta segunda-feira que a Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR), localizada na cidade de Rio Grande (RS), vai realizar testes industriais para a geração de produtos petroquímicos e combustíveis de origem inteiramente renovável. A tecnologia representa uma nova fronteira para o biorrefino no país.

O acordo de cooperação será celebrado hoje, em Rio Grande, com a presença de executivos da própria RPR e das empresas que têm participação acionária na refinaria (Petrobras, Braskem e Ultra).

O primeiro teste industrial está previsto para o próximo mês de novembro, devendo durar até cinco dias. O segundo, será realizado em junho de 2024. Uma vez comprovado o êxito, já estão negociados o contrato de licenciamento da tecnologia da Petrobras. O valor do investimento que será realizado pela Petrobras na RPR é em torno de R$ 45 milhões.

Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, os testes na RPR demonstram o compromisso da companhia com a transição energética. “A Petrobras é pioneira no desenvolvimento de tecnologia capaz de impulsionar oportunidades para o biorrefino no Brasil. Em parceria com os nossos sócios na Refinaria de Petróleo Riograndense, estamos avançando e perseguindo a descarbonização dos nossos processos, gerando produtos com conteúdo renovável, mais sustentáveis e eficientes para a sociedade, salientou Prates.

A partir de uma tecnologia desenvolvida pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras, a unidade de FCC (craqueamento catalítico fluido) da RPR será preparada, no primeiro teste, com inovações de processo e sistema catalítico, gerando insumos integralmente renováveis.

O teste posterior será por meio do coprocessamento de carga fóssil com bio-óleo, gerando propeno, gasolina e diesel, todos com conteúdo renovável a partir de matéria-prima avançada de biomassa não alimentar.

A história do refino de petróleo no Brasil começou na cidade do Rio Grande (RS). A Refinaria de Petróleo Riograndense, que iniciou suas operações em 1937, hoje tem como acionistas a Petrobras, Braskem e Ultrapar.

Atualmente, a companhia tem como principal atividade a produção e comercialização de derivados de petróleo, especialmente gasolina, óleo diesel, nafta petroquímica, óleo combustível, GLP (gás de cozinha), além de outros derivados. Seu mercado de atuação concentra-se na região sul do Brasil, especialmente no estado do Rio Grande do Sul. A refinaria tem capacidade de processamento instalada de 17 mil/barris dia.

“Considerando o êxito nos testes, a RPR estará preparada para produzir, principalmente, bioaromáticos para a indústria petroquímica, tornando-se um marco no desenvolvimento do biorrefino no Brasil. Com o sucesso da iniciativa, a RPR será a primeira refinaria na América Latina a ser convertida para operar como uma biorrefinaria e processar insumos de origem 100% renovável”, explicou o comunicado.

Para Felipe Jorge, diretor-superintendente da RPR, as perspectivas são boas. “Estamos dando mais um importante passo em direção ao futuro da nossa pioneira refinaria. Este investimento para a produção de renováveis pode abrir as portas da RPR para um mercado bastante promissor”, destacou.

Segundo o CEO da Braskem, Roberto Bischoff “a empresa está comprometida em contribuir para a construção de uma economia circular de carbono neutro. No contexto da transição energética, compartilhamos a visão da Refinaria Riograndense de desenvolver novos produtos de fontes renováveis para atender à demanda do mercado e da própria sociedade”.

Por sua vez, Marcelo Araújo, diretor executivo corporativo e de participações da Ultrapar, lembrou que a Refinaria Riograndense é a primeira refinaria do Brasil. “Esse passo aponta para uma jornada de evolução do potencial da bioindústria nacional. Uma política pública dedicada ao assunto é fundamental para destravar oportunidades de desenvolvimento, trazer fomento e segurança aos futuros investimentos. Estamos apoiando a iniciativa e seus desdobramentos para posicionar a Refinaria Riograndense como referência do biorrefino brasileiro”, concluiu Araújo.