Precisamos subir mais os juros para trazer a inflação a 2%, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em um discurso no Parlamento Europeu nesta segunda-feira, afirmou que para conter a inflação e fazê-la chegar à meta de 2%, será necessário subir mais ainda as taxas de juros.

“Estamos empenhados em reduzir a inflação para nossa meta de médio prazo e estamos determinados a tomar as medidas necessárias para isso. Esperamos aumentar ainda mais as taxas para os níveis necessários para garantir que a inflação volte à nossa meta de médio prazo de 2% em tempo hábil”, disse.

No discurso no Parlamento Europeu, ela relembrou as dificuldades pelas quais a Europa passa por conta da guerra na Ucrânia, as restrições energéticas e a recuperação da demanda depois do pico de infecção de Covid.

“A invasão russa da Ucrânia causou sofrimento humano generalizado. Também destruiu nossa sensação de segurança, ameaçou nossa segurança energética, interrompeu as cadeias de abastecimento e contribuiu para elevar a inflação bem acima de nossa meta. O choque ocorreu quando estávamos saindo da pandemia e continuou a causar perturbações econômicas. A inflação disparou em quase todos os lugares, levando os bancos centrais a aumentar as taxas de juros e levando as condições de financiamento a um rápido aperto em todo o mundo”.

O aumento da demanda, que faz a inflação subir, é sentido particularmente pela população de baixa renda, “que gasta uma parcela maior de seus orçamentos de consumo em itens essenciais, como alimentação, eletricidade, gás e calefação, ao mesmo tempo em que dispõe de reservas financeiras menores para cobrir o aumento do custo de vida”, afirmou Lagarde.

Para reduzir a inflação ao consumidor, Lagarde disse que “o terceiro grande aumento da taxa básica de juros em outubro, resultou em um aumento acumulado de 200 pontos-base desde julho, reforça nosso compromisso de controlar a inflação”.

As políticas fiscais, segundo ela, devem ser ponderadas para, de um lado, dar apoio à população mais vulnerável e, por outro, não fazer a inflação subir ainda mais. “Devem ser direcionadas, para que o tamanho do impulso fiscal seja limitado e beneficie quem mais precisa adaptadas, de modo que não enfraqueçam os incentivos para reduzir a demanda de energia; e temporárias, para que o impulso fiscal não se mantenha por mais tempo do que o estritamente necessário”.

A subida dos juros será feita sempre com base em dados. “Neste ambiente de elevada incerteza e com choques complexos a atingir a economia, as decisões do Conselho do BCE continuarão a ser dependentes de dados e a seguir uma abordagem reunião a reunião”, conclui.