São Paulo – Com o preço da arroba do boi ainda alto e o dólar em queda, a Marfrig prevê que será difícil para as empresas do setor recuperar margens e rentabilidade nos próximos meses, embora já tenha ocorrido algum aumento na oferta de gado a partir de maio. A empresa também afirma que segue direcionando sua produção para exportação e para o segmento de produtos industrializados diante de uma redução do consumo de carne no mercado doméstico e da demanda crescente da China.
“Analisando o primeiro trimestre tivemos realmente situação de margens muito baixas. Vemos uma correção, mas muito leve, com melhora de volume, mas não vejo cenário de grande rentabilidade no Brasil ainda. O cenário é de arroba ainda alta e com dólar caindo, vai ser exercício desafiador para empresas brasileiras”, disse o diretor-presidente da Marfrig, Miguel Gularte, em teleconferência de analistas sobre os resultados do primeiro trimestre.
A companhia já havia dito que há uma restrição de oferta de gado no Brasil neste começo de ano, o que refletiu em preços mais altos. Porém, Gularte disse que já houve um aumento da oferta vista a partir de maio.
O presidente da Marfrig também disse que as margens dependem de muitos fatores e que para ter um panorama mais claro daqui para frente é preciso ver como irá se consolidar a demanda mundial e chinesa. Até o momento, no entanto, está otimista com a demanda da China, para onde também conseguiram exportar mantendo preços.
“Frente a uma menor oferta de matéria-prima direcionamos para exportação e para industrializados, que de 8% da nossa receita passaram a representar 18% da receita. No caso da exportação, capitalizamos vantagem de ter três plantas habilitadas para China, que continua sendo grande driver de exportações brasileiras. A China tinha uma lógica onde havia renegociação de preços quando a carteira ficava muito alongada, mas esse ano não foi feito isso, estamos hoje em momento bom de preços”, afirmou.
O executivo ainda disse que a menor oferta de gado no Brasil também foi compensada exportando a partir do Uruguai, onde o abate estava crescendo.
MERCADO DOMÉSTICO
Ainda sobre o mercado interno, Gularte disse que o consumo de carne no Brasil já teve “uma redução importante” e que o novo auxílio emergencial que está sendo pago pelo governo não está tendo o mesmo efeito positivo que teve no ano passado, quando teve um valor maior. Com isso, não prevê uma melhora no curto prazo.
“Estamos há mais de um ano em pandemia, o que dificulta emprego e renda, e a carne subiu de preço. Houve uma diminuição importante no consumo per capita de carne no Brasil e nao vejo o País entrando ainda em processo de equilíbrio, mas vai haver em algum momento um ajuste”, afirmou.