Preço do aço não deve subir, independente de acerto com governo

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São Paulo – Os preços do aço não devem subir até o final do ano independentemente de um possível acerto informal feito entre o governo e as siderúrgicas sobre a questão, preveem fontes do setor.

Ontem (14), em uma live do jornal “Valor Econômico”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo fez um acordo informal com o setor de aço para não reajustar os preços até o fim do ano e que haverá redução de 10% da taxa de importação de aço. Porém, o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, que representa as siderúrgicas, negou que tenha ocorrido tal acordo, também em entrevista ao jornal “Valor Econômico”.

“O ministro Paulo Guedes, alegando receio de pressão inflacionária e diante de reclamações vindas do setor da construção civil, propôs que não fossem feitos novos aumentos de preço. Respondemos ao ministro que, por questões de compliance, de concorrência e de políticas comerciais próprias de cada empresa, não poderíamos firmar esse compromisso”, disse Marco Polo.

Recentemente, o presidente da Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, já havia sinalizado que, após aumentos em março, os preços do aço não deveriam passar por reajustes no curto prazo, já que o dólar parou de subir frente ao real.

Uma fonte do setor, que preferiu não se identificar, também prevê que não ocorram mais aumentos por enquanto. “É muito provável que não haja mais aumento de preço em função do preço lá fora, que já atingiu sua máxima e do dólar, que está caindo”, disse.

“O preço no Brasil é formado, basicamente, com base no preço externo do aço e no dólar. O prêmio [diferença entre os preços no exterior e no mercado doméstico] já está alto. Se as siderúrgicas fossem fazer um novo aumento, o prêmio só aumentaria, o que seria um tiro no pé porque vai aumentar muito a importação”, explicou ainda.

Para os analistas da XP Investimentos, a fala de Paulo Guedes sobre redução de alíquota de importação é negativa para as ações setor de siderurgia.

“Acreditamos que exista espaço para redução do preço do aço no mercado doméstico. Após a queda da tarifa, dado o nível atual do dólar (~R$5,10), esperamos que a paridade de importação fique em torno de +10% para aços longos e planos, considerando um cenário em que preços não aumentam no Brasil até o final de 2021”, disseram Thales Carmo e Yuri Pereira.

Ontem, as ações das siderúrgicas CSN e Usiminas ficaram entre as maiores perdas do Ibovespa refletindo comentários do ministro da Economia. Já hoje, os papéis se recuperam, com as ações da CSN (CSNA3) subindo 2,64% e as os papéis da Usiminas (USIM5) com alta de 1,26% às 13h (horário de Brasília).

A reportagem da Agência CMA tentou contato com o IABr, mas não recebeu retorno até o momento.

Bruno Soares / Agência CMA

Edição: Danielle Fonseca (daniele.fonseca@cma.com.br)

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