São Paulo – Os preços dos contratos futuros de petróleo caem mais de 4% no mercado de commodities antecipando o segundo dia de reuniões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados. O Brent chegou abaixo da linha psicológica de US$ 50 por barril, atingindo o seu preço mais baixo desde julho de 2017.
Ontem, o grupo sugeriu um corte adicional de 1,5 milhão de barris por dia até o fim do ano de 2020 devido ao surto de coronavírus que hoje deve chegar a quase 100 mil. No entanto, analistas acreditam que a proposta ainda é insuficiente para acalmar o mercado.
Além disso, fontes internas presentes na reunião em andamento do grupo afirmaram que a Rússia ainda está em desacordo com a proposta da Opep, afirma a agência de notícias “Dow Jones”.
Ontem, os países membros propuseram que ficassem com a maior parte dos cortes, da ordem de 1,0 milhão de bpd, enquanto os aliados do cartel ficariam com os 500 mil bpd restantes. Na primeira proposta, os cortes ficariam ativos até 30 de junho de 2020. No entanto, mais tarde, o grupo afirmou que estava estendendo o período para até o final do ano.
Esse corte se juntaria à atual redução de 2,1 milhões de bpd que vigora desde janeiro em uma tentativa de estabilizar os preços da commoditie devido à guerra comercial entre China e Estados Unidos.
“Os traders estão dizendo que os cortes propostos não serão suficientes para compensar a queda até agora desconhecida da demanda esperada. Para eles, as preocupações com o ambiente macroeconômico estão sobrecarregando o impacto positivo dos grandes cortes de produção propostos”, afirma o analista da FX Empire, James Hyerczyk.
Segundo ele, é esperado que haja algum tipo de comprometimento por parte da Arábia Saudita, líder da Opep, para fazer com que a Rússia aceite os cortes adicionais, o que não deve animar o mercado.
“O Goldman Sachs disse que, mesmo um corte profundo, o acordo da OPEP+ não será capaz de impedir um grande prejuízo no mercado global de petróleo no segundo trimestre, ou preços sequencialmente mais baixos nas próximas semanas”, concluiu ele. “A saída seria uma recuperação da demanda e não um corte na produção”.