Prejuízo líquido da Oi cai 97,2% no quarto trimestre, para R$ 486 milhões, base anual

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São Paulo – A Oi, em recuperação judicial, registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 486 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), queda de 97,2% na comparação anual. Em 2023, o prejuízo líquido consolidado caiu 71,8% e totalizou R$ 5,4 bilhões.

Segundo a Oi, o resultado financeiro líquido totalizou despesas de R$1,0 bilhão no 4T23, apresentando um aumento na comparação anual e uma redução no trimestral. Na comparação anual, o crescimento foi explicado por efeitos positivos não recorrentes no 4T22, ocorridos como consequência da conclusão da venda da UPI InfraCo. Na comparação trimestral, a redução das despesas foi consequência da dinâmica da variação cambial, com maior valorização do Real frente ao Dólar no 4T23 (3,32% T/T) vs desvalorização no 3T23 (3,91% T/T), além de menores juros reconhecidos contabilmente, em razão de um menor CDI no período

A receita líquida total atingiu R$ 2,3 bilhões no período, 12,9% inferior ante igual intervalo de 2022. No ano, a receita líquida recuou 23%, para R$ 9,7 bilhões.

O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de rotina caiu 126,9% no trimestre, para um resultado negativo de R$ 107 milhões na mesma base de comparação. A margem ebitda atingiu -5% ao final do trimestre, ante 13,2% na comparação anual. O ebitda reportado caiu 99,5%, para um resultado negativo de R$ 72 milhões no 4T23, na comparação anual.

Os custos operacionais somaram R$ 2,4 bilhões no quarto trimestre de 2023, alta de 7,1% na comparação anual, enquanto os custos operacionais no Brasil subiram 5,2% e totalizaram R$ 2,4 bilhões na mesma base de comparação.

Ao final do trimestre, a dívida da líquida da Oi era de R$ 23,3 bilhões, 22,1% maior que o visto no mesmo trimestre de 2022. O caixa disponível, por sua vez, caiu 31,9% no período, para R$ 2,2 bilhões.

MENSAGEM DA ADMINISTRAÇÃO

Em sua mensagem no relatório de 2023, o CEO da Oi, Mateus Affonso Bandeira, afirma que o ano passado foi “ao mesmo tempo promissor e desafiador para a companhia”.

“Enquanto buscou o equilíbrio financeiro e abriu as negociações de questões relativas à sua concessão, a Oi registrou crescimento importante nos seus principais negócios core, Oi Fibra e os serviços de TIC na Oi Soluções. Na Oi Fibra, o crescimento de receita foi de 11% A/A em 2023.

No front operacional, por sua vez, a Companhia mantém a busca por uma maior eficiência e satisfação de seus clientes nas suas diversas frentes de atuação. A Companhia vem direcionando seus esforços para a expansão da operação de banda larga em fibra ótica por meio do serviço Oi Fibra. Nesse segmento, a Oi alcançou 4,0 milhões de casas conectadas em 2023, com crescimento anual de 3%. A Oi Fibra é hoje o principal produto da Companhia, representando cerca de 46% da receita da Nova Oi. A Oi, que já havia sido reconhecida como a operadora com os clientes de internet mais satisfeitos do país, liderou o crescimento de acessos em altas velocidades, com a ativação de 1,1 milhão de acessos acima de 300 mega em 2023 (40% do total entre as grandes operadoras).”

“Em 2023, também destacamos o desempenho da receita de nosso portfólio de serviços para empresas, por meio da Oi Soluções, que atualmente representa 24% da receita da Companhia. Nessa operação buscamos resultados por meio da integração da infraestrutura de fibra com um vasto portfólio de produtos TIC, em parceria com startups e principais players do setor.”

“Na frente regulatória, a Oi trabalhou fortemente para a adequação das obrigações relativas à sua concessão e obteve sucesso na admissão da negociação, por parte do Tribunal de Contas da União (TCU) e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de um acordo relativo às condições para a adaptação de sua outorga de telefonia fixa para autorização. Após as discussões iniciadas em outubro tivemos um avanço significativo esta semana. O grupo atuando na SecexConsenso concluiu a fase de negociação de uma solução consensual que busca viabilizar o endereçamento dos pilares mais relevantes do seu Plano. O acordo depende de ratificação de seus termos no menor espaço de tempo possível, atendendo a premissas de governança de cada parte envolvida.”

A Oi espera a migração da concessão do STFC para um modelo de autorização, a manutenção do serviço em áreas em que não houver serviço de voz alternativo, por prazo definido, com garantias a serem concedidas e compromissos adicionais, conforme a regulamentação de adaptação. Além disso, é esperada a retomada do procedimento arbitral, além do diferimento do pagamento da repactuação de multas da Anatel até a decisão arbitral. A solução definitiva para a questão regulatória viabilizará a execução de um plano audacioso de redução de custos, com eficiências potenciais relevantes e redução de restrições regulatórias sobre a venda ou oneração de ativos imobiliários.”

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

O CEO da Oi destacou que a Oi entrou com o pedido de uma segunda recuperação judicial em 2023. Desta vez, com o processo voltado, principalmente, para o equilíbrio da estrutura de capital ainda pressionada por dívidas financeiras com detentores de ECAs, bondholders e bancos nacionais, boa parte delas atrelada à variação cambial, além de créditos com fornecedores take-or-pay, em particular de empresas de torres e satélites.

Contribuíram para deteriorar a estrutura de capital da Companhia, a demora no fechamento das operações de vendas das UPIs; a disputa com outras operadoras em relação ao valor retido na venda da UPI Móvel, que gerou a suspensão da entrada de R$1,7 bilhão; a valorização do dólar frente ao real; além da queda da atividade econômica no período pós-pandemia, o aprofundamento da crise estrutural no segmento de telefonia fixa e um cenário competitivo mais desafiador na banda larga, em um contexto de manutenção de taxas de juros altas combinado ao maior endividamento das famílias com efeitos no take-up e churn da indústria.

Neste sentido, o ano de 2023 foi marcado por intensas negociações que culminaram com eventos relevantes e garantiram a redução de obrigações futuras da Companhia, como o acordo para a compensação dos compromissos relacionados ao contrato do LTLA de cabos submarinos, bem como a liquidez necessária para manutenção das necessidades de capital giro das operações.

Além disso, a Oi espera alcançar a reestruturação de suas dívidas financeiras e de créditos de fornecedores take-or-pay, adequando-as à sua capacidade de pagamento, sem comprometer sua operação e a expansão de seus negócios no segmento de fibra ótica, principal produto da Companhia.