Prejuízo líquido da Rumo chega a R$ 1,7 bilhão no 2° trimestre de 2024

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São Paulo, SP – O prejuízo líquido da Rumo foi de R$ 1,743 bilhão no segundo trimestre de 2024, após ter registrado lucro líquido de R$ 167 milhões no segundo trimestre do ano passado. O lucro líquido ajustado no trimestre, desconsiderando os eventos extraordinários, foi de R$ 721 milhões, mais de 4 vezes o apresentado no ano anterior. A alavancagem financeira reduziu para 1,5x, com uma dívida abrangente líquida de R$ 10,1 bilhões.

Segundo a companhia, o período foi impactado por eventos extraordinários e não recorrentes, que para fins de melhor comparabilidade foram ajustados do resultado. São eles:

1. O Rio Grande do Sul foi impactado por eventos climáticos extremos de força maior que provocaram danos à infraestrutura ferroviária da Rumo Malha Sul. Nesse contexto, a Companhia realizou provisão para impairment de R$ 2.575 milhões. Cabe destacar que essa provisão é um ajuste contábil, sem efeito caixa.

2. Adicionalmente, a CLI Sul S.A. completou a incorporação da Elevações Portuárias S.A.,
entidade que opera os terminais T16 e T19 no Porto de Santos e que a Rumo alienou a participação em 80% no capital em 2022. Como consequência dessa incorporação, a Rumo recebeu R$ 169 milhões no 2T24 como complemento de preço da transação, nos termos contrato de compra e venda de ações firmado entre as partes.

No 2T24, a receita líquida alcançou R$ 3,575 bilhões, crescimento de 29% em comparação ao 2T23. Esse avanço foi observado em todas as operações, com aumento de 35% na Operação Norte, 9% na Operação Sul e 27% na Operação de Contêineres. O desempenho foi impulsionado pelos maiores volumes e tarifas.

O EBITDA ajustado foi de R$ 2,142 bilhões, com margem de 60%. A maior margem de contribuição no trimestre, impulsionada por melhores tarifas, foi a principal alavanca do crescimento de resultado. “Mesmo com o crescimento do volume transportado e o aumento de 15% no custo unitário de combustível, o custo variável retraiu em 4%, devido aos menores custos de Solução Logística, com menor volume transportado no trimestre utilizando soluções de terceiros. Os custos fixos e despesas gerais e administrativas cresceram R$ 111 milhões, refletindo a escolha da Companhia em reforçar estruturas e processos, visando sustentar sua estratégia de crescimento de capacidade, ganho de eficiência e gerenciamento de riscos”.

Volume

No 2T24 o volume transportado foi de 20,9 bilhões de TKU, 3% acima do 2T23. Na Operação Norte, o crescimento foi liderado pelo aumento no transporte de soja, farelo de soja, açúcar e combustíveis. Os maiores volumes transportados de soja, farelo de soja e açúcar na Operação Sul foram compensados pelo menor transporte de combustíveis e produtos industriais, que tiveram o fluxo logístico impactado pelos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul. Em Contêineres, houve crescimento na movimentação de papel, celulose e algodão.

O market share da Rumo na exportação de grãos pelo Porto de Santos cresceu para 52,2%. Os volumes de grãos transportados pela Rumo com destino ao Porto de Santos cresceram em 209 mil toneladas, aumento de 2,5%. O mercado apresentou retração de 5%, equivalente à 886 mil toneladas, devido principalmente a quebra de safra de soja registrada no centro-oeste do país e a comercialização de grãos (farmer selling) mais lenta que o histórico.

O market share da Rumo no MT aumentou 3,1 p.p. no trimestre, totalizando 44,5%. A Rumo transportou 62 mil toneladas a mais que o mesmo período do ano anterior, a despeito da queda de 1 milhão de toneladas exportadas do estado. Como resultado, a Companhia consolidou sua posição de mercado para o transporte de grãos, deslocando outras alternativas logísticas.

A participação de mercado da Rumo em GO terminou o trimestre em 25,1%, registrando crescimento de 3,0 p.p. A exportação de grãos de GO pela Rumo cresceu 12% em comparação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando a competitividade da Malha Central e o potencial de demanda atendida por logísticas menos eficientes nesse mercado.

A Operação Sul apresentou aumento de market share de grãos nos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC), com resultado de 28,5%. Os volumes transportados pela Rumo registraram queda de menos de 1%, contrastando com a retração de 8% no volume exportado por esses portos devido ao menor nível de produção no Paraná e em parte do Mato Grosso do Sul, bem como ao atraso na comercialização da commodity (farmer selling).

Safra

A safra de soja 23/24 teve as suas estimativas revisadas ligeiramente para cima, apontando para uma produção anual de 156 milhões de toneladas, queda de 2% em comparação à safra anterior, e exportação de 98 milhões de toneladas, retração de 3%. No Mato Grosso, estima-se 41 milhões de toneladas produzidas, com exportação de 27 milhões de toneladas, redução de 11% e 9%, respectivamente. As primeiras estimativas da safra de soja 24/25 são de 168 milhões de toneladas de produção e 103 milhões de toneladas de exportação, um aumento de 8% e 5% frente ao número da safra atual.

A recuperação está essencialmente associada à melhores expectativas para o estado de Mato Grosso, com aumento de 10% da sua produção, refletindo as intenções de aumento de área plantada na ordem de 200 mil hectares no estado, ancoradas em melhores perspectivas de rentabilidade do produtor, e premissa de produtividade agrícola dentro da normalidade histórica.

A safra de milho 23/24 também teve as estimativas revisadas para cima, com estimativa de produção em 123 milhões de toneladas, queda anual de 10%, e exportação de 36 milhões de toneladas, queda anual de 35%. No Mato Grosso, estima-se 50 milhões de toneladas produzidas, com exportação de 23 milhões de toneladas, retração de 8% e 24%, respectivamente. A produção no Mato Grosso se beneficiou de boa condição de chuvas, com a produtividade agrícola compensando parcialmente a redução de área plantada na temporada. Para a temporada 24/25, estima-se uma safra de milho na ordem de 135 milhões de toneladas e 46 milhões de toneladas de exportação, crescimento de 9% e
26%, respectivamente. No cenário do milho, a expectativa é de recuperação nos estados do Sul e Mato Grosso do Sul, enquanto Mato Grosso deve manter produção estável, com o aumento de área plantada compensando uma menor produtividade agrícola.