Presidente do Fed reafirma compromisso com acomodação monetária

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reforçou a mensagem de que a acomodação monetária oferecida durante a pandemia do novo coronavírus será mantida até que a autoridade monetária tenha garantias de que a economia está em um ritmo sustentável de recuperação e que seu mandato duplo está sendo atingido.

“Agora não é o momento de discutir a retirada da acomodação. Quando esse momento chegar, vamos ser muito claros. O mundo saberá com antecedência dos passos que o Fed irá adotar para essa retirada. Sabemos que temos que ser muito claros na nossa comunicação”, disse ele.

Em março do ano passado, o Fed reduziu os juros a quase zero e retomou as compras de ativos. Desde então, mantém a taxa básica na faixa entre zero e 0,25% ao ano e realiza compras mensais de US$ 120 bilhões em Treasuries e hipotecas. Em sua última reunião, realizada em dezembro, os membros do comitê de política monetária sinalizaram que os juros não devem subir até pelo menos 2023.

Falando em um evento virtual da Universidade de Princeton, Powell afirmou que, de acordo com o novo quadro de política de juros do Fed, lançado o ano passado, o banco não vai aumentar a taxa básica com a queda do desemprego a não ser que exista um risco sério de inflação excessiva.

“Mudamos nossa política para ter uma meta mais flexível de inflação e não usamos mais o desemprego como um gatilho para o aumento dos juros, portanto, só faremos algum ajuste na taxa se o emprego estiver influenciando de alguma maneira no comportamento da inflação”, afirmou ele.

Em agosto do ano passado, o Fed anunciou que permitiria que a inflação ficasse acima da meta de 2% por algum tempo para compensar períodos em que esteja abaixo desse objetivo. Na ocasião, o banco central norte-americano também indicou que não usaria mais a queda da taxa de desemprego como um fator para a elevação dos juros. Junto com a estabilidade de preços, o pleno emprego faz parte do mandato duplo do Fed determinado pelo Congresso.

Sobre o mercado de trabalho, Powell disse que os Estados Unidos ainda estão longe de terem um mercado de trabalho robusto.  Na sexta-feira, o relatório do emprego mostrou a economia norte-americana perdeu 140 mil postos de trabalho em dezembro. O dado afastou ainda mais o banco central dos seus objetivos, mas Powell espera que a economia recupere este ano à medida que a vacina contra a covid-19 é distribuída.

“A economia norte-americana ainda está muito longe das metas de pleno emprego e inflação, mas sou otimista com relação às perspectivas e acredito que os Estados Unidos possam voltar aos níveis anteriores à pandemia em breve. As vacinas estão aí e a tendência é de que as coisas melhorem conforme o vírus vai sendo controlado”, disse Powell.

Segundo ele, uma forte resposta fiscal à crise atual pode ajudar a economia norte-americana a se recuperar mais rapidamente do que na recessão de 2007-2009 quando, segundo Powell, a política fiscal foi restringida muito rapidamente.

A declaração acontece horas antes de o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar os detalhes de um novo pacote de estímulos que deve ser apresentado nos primeiros dias de sua gestão. A expectativa é de que o pacote seja de pelo menos US$ 1,5 trilhão. Na semana passada, Biden afirmou que o apoio fiscal extra seria na casa dos trilhões de dólares.