Presidente propõe medidas para reintegração entre países da América do Sul

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São Paulo – O presidente Luís Inácio Lula da Silva anunciou oficialmente a intenção do Brasil em retomar a cooperação com os países da América do Sul. Em seu discurso, sugeriu medidas como a criação de uma poupança regional entre os países para o desenvolvimento regional, por meio de bancos regionais como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a criação de mecanismos de compensação financeira mais eficiente, desburocratizar exportação e importação de bens, reforçar a multimodalidade entre os países.

Também sugeriu medidas para ampliar a cobertura vacinal, apoiar comunidades carentes e povos indígenas, criar programa de mobilidade regional para estudantes e retomar cooperação na área de defesa.

Por fim, propôs a criação de grupo de trabalho para dar prosseguimento à reflexão sobre essas sugestões, que terá 120 dias para apresentar um mapa para reintegração, em suas palavras.

“O mandato presidencial é mais curto do que aparenta. A América do Sul tem uma oportunidade diante de si. É importante retomar o processo de reconstrução [da integração entre os países]”, declarou.

Em seu discurso no Itamaraty, Lula falou sobre o percurso histórico de integração entre os países da região, destacando iniciativas do passado, como a Comunidade Sul Americana das Nações, em evento que marcou a retomada da cooperação do governo brasileiro com os países vizinhos.

“No limiar do século 21 decidimos reunir toda a nação americana e abandonar o isolamento recíproco. A Comunidade Andina de Nações e o tratado do Mercosul mostram a diversidade da região”, disse Lula.

Lula ressaltou diversas ações da União das Nações Sul-americanas (Unasul), como no conflito separatista boliviano e reuniões de cúpula com países da África e Oriente Médio.

Além disso, o presidente destacou a riqueza energética, mineral e vocação para produção de alimentos da região.

REUNIÃO COM PRESIDENTES

O presidente brasileiro recebe hoje (30) presidentes dos países da América do Sul, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O encontro começou às 9h (horário de Brasília), reunindo os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).

A única ausência em nível presidencial é a do Peru, cuja presidente Dina Boluarte está impossibilitada de comparecer por questões constitucionais. O Peru vive uma crise política desde a destituição do agora ex-presidente Pedro Castillo no fim do ano passado. O presidente do conselho de ministros do país, Alberto Otárola, representou o país.

Segundo a embaixadora Gisela Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, as principais pautas, além da integração, são em torno de questões comuns nas áreas de saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado.

“A ideia é retomar o diálogo e a cooperação com países sul-americanos. Identificar denominadores comuns. A região dispõe de capacidades que serão chaves no futuro da humanidade, como recursos naturais, água, minérios, área para produção de alimentos. Uma agenda concreta de cooperação pode ser iniciada imediatamente”, disse a embaixadora, durante entrevista para dar informações gerais sobre a cúpula.

Há a expectativa de que os presidentes discutam formas mais concretas de ampliar a integração, incluindo a possibilidade de criação ou reestruturação de um mecanismo sul-americano de cooperação, que reúna todas as nações da região. Atualmente, não existe nenhum bloco com essas características.

A União das Nações Sul-americanas (Unasul), criada em 2008, foi se desintegrando ao longo do tempo, em meio a mudanças de governos em diversos países, e agora reúne apenas sete deles: Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname, Peru, além de Argentina e Brasil], que voltaram ao grupo recentemente.

Com informações da Agência Brasil.