Pressão dos custos tira brilho de resultados da B3, mas volume negociado garante visão positiva de analistas

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São Paulo – A XP Investimentos avalia que ainda que a receita tenha apresentado algumas melhorias, as maiores despesas operacionais impactaram o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o Lucro Líquido. No geral, a visão dos analistas da XP os resultados do 4T22 da B3 (B3SA3) são marginalmente positivos, porque a empresa conseguiu manter mais um trimestre de rentabilidade sólida, contando com uma receita mais forte de Balcão e Tecnologia e Serviços, que vem compensando a menor receita de seu segmento listado nos últimos trimestres.

“Esperamos que o balanço da B3 continue pressionado pelo menor ADTV e pelos recentes investimentos em seus negócios ligados à tecnologia (nomeadamente Neoway, Neurotech e Datastock) até que comecem a render frutos.”

No entanto, diz a XP, é importante ressaltar que o nível atual de margem ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é semelhante ao nível pré-pandemia, mostrando a resiliência do negócio mesmo em um cenário macroeconômico desafiador. “Em suma, mantemos nossa visão conservadora sobre o nome.” A recomendação é neutra e preço-alvo de R$ 14.00

É bom lembrar que, no trimestre, as distribuições aos acionistas totalizaram R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 749,4 milhões em recompras, R$ 370,1 milhões em juros sobre capital próprio e R$ 140,0 milhões em dividendos. Mais de 100% no pagamento, segundo a XP.

“A B3, conhecida jogada de dividendos, destacou que, nos últimos 3 exercícios sociais, as distribuições da Companhia somaram R$ 17,5 bilhões, o que inclui a recompra de quase 6% das ações da companhia, o que vemos como consistente com seu modelo de negócios e requisitos de capital.”

A Genial Investimentos avalia que os números reportados pela B3 não saíram muito do esperado, mas considera que houve pouca evolução de lucro. “Com o cenário de juros alto que desfavorece a maior parte de seus produtos, a B3 reportou um lucro contábil de R$ 1 bino 4T22, em linha com nossas expectativas, mas 13% menor que o consenso do mercado.” Os analistas avaliam que o resultado foi marcado por alguns itens que podem ser classificados como não-recorrente no montante de R$ 25 milhões líquidos de imposto.

As receitas, por outro lado, tiveram uma boa evolução de +5,6% na base anual, impulsionadas por maiores volumes no balcão, principalmente nos produtos de renda fixa, e receita de dados e tecnologia com a incorporação da aquisição da Neoway.

As despesas, no entanto, tiraram um pouco do brilho operacional do trimestre. “Com crescimento de 20,5% frente ao mesmo período do ano passado, as despesas aumentaram acima das expectativas por conta da sazonalidade no 4T, incremento da Neoway e itens não-recorrentes de rescisão contratual, despesa de M&A entre outras.” A recomendação também é de compra e o preço-alvo R$16.

O BTG pactual também mantém classificação de compra para B3SA3 e preço-alvo de R$ 14 mesmo com papel caindo 5% no acumulado do ano, e com a ação está sendo negociada a 15x P/L 23.

“Embora alguém possa que não é barato, especialmente em um cenário com tantos nomes descontados no Brasil, a B3 atualmente parece ser provavelmente a opção mais limpa no universo dasfinanças para investidores estrangeiros que buscam adicionar/diminuir o risco Brasil, sendo um jogo beta claro sobre o sentimento Brasil. Dito isso, a ação precisa de um cenário macroeconômico mais saudável para um melhor desempenho (ou seja, as taxas de juros começando a cair).

O Itaú BBA, por sua vez, classifica o papel da B3 como “desempenho superior” e tem “valor justo” de R$16, porque avaliou o resultado como ligeiramente negativo.

“Conforme indicado pelos números operacionais, houve uma retomada trimestral de volumes e velocidade. A tendência foi refletida em um modesto crescimento de receita de 2% no trimestre e 6% no ano”, diz análise. “As despesas poderiam ter sido melhores, mas efeitos de sazonalidade mais fortes e despesas pontuais pesaram nas margens.”

O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou quase 7% abaixo da projeção dos analistas do BBA, em R$ 1,6 bilhão (queda de 5% no trimestre e 2% no ano). A margem ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também piorou em relação à mesma base de comparação, caindo para 69%.

O lucro líquido recorrente do trimestre estava 6% abaixo da expectativa dos analistas do BBA.

“O impulso da receita parece mais fraco até agora em janeiro, o que deve pesar ainda mais nas expectativas de margem. Negociando a 13x P/L 2023e, acreditamos que muitas das más notícias de primeira linha estão sendo precificadas e os custos provavelmente começarão a diminuir este ano. Mantemos nossa visão construtiva sobre a B3, principalmente no espaço financeiro mais amplo.”

A Ativa Investimentos gostou do volume negociado, mas percebeu que as despesas vieram acima das expectativas. “Com um volume negociado forte já esperado, dada a maior volatilidade nos mercados em razão do período eleitoral, a surpresa veio na linha das despesas, que por sua vez, ainda contam com o impacto negativo da Neoway, além da correção anual dos salários”

Por volta das 12h50 (horário de Brasília), B3SA3 registrava recuo de -5,86, a R$ 10,91.