São Paulo – Os números recordes de produção de petróleo e gás da Petrobras em 2020, divulgados ontem à noite, vieram dentro do esperado pelo mercado, mas foram vistos como positivos por analistas, que afirmam que o momento é bom para quem quer comprar as ações da estatal.
A expectativa para 2021 é que a companhia tenha um bom desempenho, amparada por uma recuperação de preços do petróleo, mesmo que a produção se mantenha em torno da estabilidade, o que deve continuar a favorecer os papéis.
“Os dados vieram muito similares ao que esperávamos, não houve surpresa, mas é uma notícia positiva. A Petrobras vem colhendo frutos dos investimentos passados em plataformas no pré-sal”, disse o analista de energia e petróleo & gás da XP Investimentos, Gabriel Francisco.
A Petrobras produziu 2,84 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2020, superando o recorde de 2,79 milhões de boed de 2015. A produção no pré-sal totalizou 1,86 milhão de boed em 2020, representando 66% da produção total da estatal. Em 2015, essa produção no pré-sal correspondia a 24% da produção total. Segundo a companhia, os números de 2020 superam em 5% as metas originalmente previstas para o ano.
Os analistas do BTG Pactual, Thiago Duarte e Pedro Soares, afirmam que o crescimento já vinha sendo sinalizado pela Petrobras desde os resultados do terceiro trimestre e que uma parte significativa do desempenho de 2020 pode ser explicada pelo adiamento das paradas de manutenção que ainda devem ocorrer em 2021. Com isso, esperam que a produção caia 2% este ano em relação a 2020.
“No entanto, em meio a uma das maiores crises da história do mercado de petróleo, acreditamos que é importante não subestimar as conquistas da Petrobras, que proporcionou algumas melhorias sólidas em termos de execução comercial e operacional geral”, avaliam, em relatório.
Para o especialista em ações da Levante Investimentos, Eduardo Guimarães, também é importante destacar que os dados são positivos e vem em um momento favorável para o setor, com a recuperação dos preços do barril de petróleo depois da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na última terça-feira (5), onde foi acordada a redução dos cortes de produção diante das incertezas dos impactos da pandemia de coronavírus.
“Estimamos ainda que, com o avanço das campanhas de vacinação ao decorrer de 2021, haverá recuperação da atividade e da demanda global, que contribuirá para manutenção de um cenário positivo para a companhia, com o aumento da demanda por combustível e, consequentemente, para o petróleo”, disse ainda, em relatório.
RECUPERAÇÃO DOS PAPÉIS
A recuperação dos preços do petróleo e dos papéis da Petrobras já tem sido vista desde o final do ano passado, quando a esperança de vacinas contra o coronavírus animaram investidores. Para o analista da XP, com a Opep concordando em cortar a produção nesta semana, os riscos em relação a uma possível extensão da pandemia e impactos na demanda da commodity também podem ser compensados.
Com isso, vê o período favorável para comprar Petrobras, mesmo com a recuperação já vista. Após a reunião da Opep, a XP Investimentos elevou o preço-alvo das ações da Petrobras de R$ 32,00 para R$ 35,00 e reiterou a recomendação de compra.
Os analistas do BTG concordam: “sim, a ação subiu 77% desde outubro, mas a recente alta nos preços do petróleo abre espaço para novas revisões de lucros e aumento de nossas estimativas”, afirmam. “Um sentimento mais positivo em relação às ações de commodities também deve contribuir para manter a dinâmica dos preços das ações”, completaram. A Petrobras é a favorita do banco dentro do setor de petróleo e gás.
Os papéis da Petrobras chegaram a operar em alta pela manhã, mas, há pouco, operavam quase estáveis. Às 13h25 (horário de Brasília), os papéis preferenciais (PETR4), os mais negociados, tinham queda de 0,19%, a R$ 30,94.