São Paulo – A Vale afirmou que a sua produção de minério de ferro deve terminar o ano entre 300 e 305 milhões de toneladas (mt), número abaixo da meta projetada para o ano, que era de 310 a 330 mt. No entanto, já prevê um aumento para o ano que vem, com produção de 315 a 335 mt, e quer ampliar a sua capacidade total de produção da commodity para minimizar riscos e ter maior flexibilidade, buscando a meta de 400 mt até 2022.
Segundo o diretor executivo de ferrosos, Marcelo Spinelli, este ano ocorreram alguns percalços, com a produção sendo prejudicada pelo período de chuvas e atrasos em alguns licenciamentos, o que fez com que a companhia perdesse um pouco da capacidade de flexibilização das suas operações.
No entanto, afirmou que já estão se preparando para a temporada de chuva de 2021 e que a maior parte do aumento da produção prevista ocorrerá em projetos já existentes, como na mina S11D, em Carajás, menos dependente de autorizações externas.
“Vamos chegar a capacidade de 400 mt até 2022 e, para isso, temos um plano claro, com ativos entrando em operação e aumentando a produção ao longo dos trimestres”, disse durante o Vale Day.
No Sistema Norte de produção, por exemplo, onde está Carajás, serão abertas novas frentes de lavras e já foi obtida a licença para Serra Leste, o que aumentará a capacidade produtiva no início do ano que vem, levando a uma produção adicional de 24 mt de minério de ferro no sistema até 2022.
Em relação ao cobre, por sua vez, a companhia estima uma produção média de 390 mt em
2021, 455 mt entre 2022 e 2024 e 500 mt em 2025. Já a produção de níquel deve ficar em 200 mt entre 2021 e 2023 e 220 mt entre 2024 e 2025.
INVESTIMENTOS E PROVISÕES
A mineradora ainda projetou um capex de US$ 4,2 bilhões neste ano, US$ 5,8 bilhões em 2021 e uma média de US$ 5,5 bilhões nos próximos anos.
Devidos a ajustes nos projetos de descaracterização e obras para melhorias
da segurança, a Vale espera registrar uma provisão adicional de aproximadamente US$ 670 milhões (valor nominal) para a execução do plano de descaracterização nas demonstrações financeiras do 4T20, totalizando aproximadamente US$ 2,7 bilhões (valor nominal) em 31 de dezembro de 2020. Esse valor está sujeito a revisão com base nos desembolsos das provisões até o final do ano fiscal de 2020.
BRUMADINHO
Também durante o Vale Day, o diretor-presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo, disse que está confiante de que a empresa pode atingir um acordo em breve com autoridades governamentais, ministérios públicos e a Justiça sobre reparações no caso do rompimento da barragem em Brumadinho (MG).
“Já tivemos duas audiências e dia 9 de dezembro teremos uma nova reunião. Estamos confiantes de que chegaremos a um acordo e faremos a reparação, nunca estivemos tão próximos, mas não há uma agenda definida. Precisamos chegar a um acordo estrutural de governança e valores precisam ser razoáveis, isso não é definido da noite para o dia”, afirmou o executivo.
Segundo Bartolomeo, já há convergências e já foram discutidas ações de remediações na região do rompimento da barragem, mas o acordo precisa acabar de ser estruturado, assim como os montantes que irá envolver.
A diretoria da mineradora ainda explicou que caso seja atingido um acordo com as autoridades envolvidas no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), onde o processo corre, as ações civis coletivas sobre a barragem são suspensas, mas ações e pleitos individuais continuam sendo negociados caso a caso.
A mineradora negocia diretamente com milhares de famílias atingidas pela tragédia e afirma ter tido sucesso com algumas mediações já feitas. O rompimento da barragem ocorreu em 25 de janeiro de 2019, resultando em quase 300 mortos e desaparecidos, sendo considerado um dos maiores desastres ambientais do Brasil.