Produção em refinaria da Petrobras está paralisada por falta de petróleo, diz FUP

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São Paulo – A Unidade U2111 da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus, está paralisada desde o início desta semana por falta de petróleo. A interrupção ocorre menos de um mês depois da aprovação da venda da refinaria para o Grupo Atem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Segundo o comunicado emitido pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), a justificativa oficial da atual gestão da Reman para a nova paralisação é um problema com a balsa de transporte.

Procurada na manhã de hoje para comentar o notícia, a Petrobras respondeu que a redução do estoque de petróleo na refinaria se deu em função da indisponibilidade de uma das embarcações que realiza o transporte do petróleo Urucu Coari/AM, para o suprimento da refinaria, ocasionando necessidade de interrupção temporária da unidade U-2111, mas que isso não vai impactar o atendimento ao mercado de derivados.

“A indisponibilidade da embarcação, contratada pela Petrobras para o fluxo de petróleo de Coari para Manaus, foi devida a um problema no motor de propulsão da embarcação. A empresa Delima, responsável pela embarcação, está atuando com diligência para solucionar o problema e normalizar o fluxo de suprimento de petróleo”, respondeu a Petrobras ao pedido de resposta solicitado pela Agência CMA.

“O atendimento ao mercado de derivados se mantém normal, sem qualquer impacto, sendo suprido a partir dos estoques de derivados armazenados na refinaria, pela operação dos navios de derivados que já se encontram na região e pela produção da outra unidade, a U-2110”, acrescentou.

A Petrobras disse estar tomando todas as medidas para retomar a operação da unidade e, para isso, já se encontram em Coari duas embarcações efetuando carregamento do petróleo Urucu para fornecimento para a REMAN.

A operação de venda da Reman havia sido contestada em maio deste ano pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) e Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), com a justificativa de que a privatização geraria monopólio na região e risco de desabastecimento.

“A parada por desabastecimento é prova da incompetência da atual gestão da Reman, além de ser mais uma consequência da venda da refinaria para o setor privado, comprovando os alertas feitos por nós ao longo dos últimos meses”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A refinaria, que opera desde 2000 com capacidade de processamento de 7,3 milhões de litros de petróleo por dia – o equivalente a 46 mil barris a cada 24 horas -, já se encontrava com a unidade UFCC paralisada. Com isso, apenas 3,4 mil barris/dia (7,4% da capacidade total) estavam sendo produzidos.

Na avaliação da FUP, a parada da U2111, responsável pelo processamento do petróleo de Urucu, agrava ainda mais a situação, deixando em funcionamento apenas uma unidade na Reman, a U2110. A entidade destaca que, atualmente, a Reman é responsável pelo suprimento da região Norte, produzindo principalmente GLP, nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve para turbina elétrica, e óleo para geração de energia e asfalto.

“Após a paralisação forçada de uma unidade, priorizando as importações de gasolina e GLP, agora a Petrobrás justifica a falta de produto alegando um problema logístico. Isso nunca aconteceu antes. É um absurdo completo que precisa ser denunciado”, explicou o coordenador-geral do Sindipetro-AM, Marcus Ribeiro.

O texto foi atualizado às 16h31 com resposta enviada pela Petrobras.

Com Cynara Escobar / Agência CMA.