A produção industrial brasileira recuou 2,40% em março em relação a fevereiro, caindo pelo segundo mês consecutivo, mas registrando avanço no acumulado do trimestre. O resultado mensal veio acima da previsão de queda de 3,20%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.
Já na comparação anual, a produção industrial brasileira registrou o sétimo mês consecutivo de alta, avançando 10,50%. O resultado também veio acima da mediana das expectativas, de +7,10%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumula queda de 3,1% em 12 meses até março e alta de 4,4% no acumulado do ano. Deste modo, a indústria nacional ainda se encontra 16,5% abaixo do topo recorde, alcançado em maio de 2011.
A abertura do dado mensal mostra que houve retração em 15 das 26 atividades pesquisadas, com recuo em três das quatro grandes categorias. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o aprofundamento do recuo do setor industrial em março estpa relacionado com a intensificação das medidas de combate à pandemia.
Entre as atividades pesquisadas, a principal influência negativa veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (-8,4%), que recuou pelo terceiro mês seguido, acumulando perda de 15,8% em 2021.
“O recuo nos veículos automotores, reboques e carrocerias foi especialmente afetado pela redução na produção dos automóveis e de autopeças. Houve nessa atividade uma série de interrupções de processos de produção, paralisações e férias sendo concedidas. Isso justifica a queda de 8,4%”, afirma Macedo.
Ainda entre as influências negativas, destacaram-se as atividades de confecção de artigos de vestuário e acessórios (-14,1%), couro, artigos para viagem e calçados (-11,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,4%), móveis (-9,3%), produtos têxteis (-6,4%), produtos de borracha e de material plástico (-4,5%), outros produtos químicos (-4,3%), bebidas (-3,4%) e produtos de minerais não metálicos (-2,5%).
Já os principais impactos positivos advieram das indústrias extrativas (+5,5%), outros equipamentos de transporte (+35%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+1,7%).
Enquanto isso, entre as grandes categorias econômicas pesquisadas, ainda em relação a fevereiro, o setor produtor de bens intermediários foi o único a registrar taxa positiva (+0,2%). Bens de consumo semi e não-duráveis registraram a maior queda em março (-10,2%), enquanto os bens de consumo duráveis (-7,8%) e os bens de capital (-6,9%) intensificaram as perdas registradas no mês anterior.
Comparação anual partiu de base baixa – No confronto com igual mês do ano anterior, a produção industrial cresceu 10,5% em março. Trata-se da taxa mais elevada desde junho de 2010 (+11,2%). Macedo advertiu, entretanto, que o resultado se deve à base de comparação baixa.
Na comparação anual, o setor industrial registrou resultados positivos em todas as quatro grandes categorias econômicas e em 20 dos 26 ramos pesquisados. O IBGE observa que março de 2021 teve um dia útil a mais que o mesmo mês do ano anterior, totalizando 23 dias.
Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias (+19,2%), máquinas e equipamentos (+27,5%), produtos de minerais não metálicos (+27,7%), produtos de metal (+24,5%), produtos de borracha e de material plástico (+20,3%) e metalurgia (+10,9%) exerceram as maiores influências positivas. Na outra ponta, destaque para a queda em coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,1%).
Entre as quatro grandes categorias econômicas, bens de capital registraram a maior alta (+29,6%). A categoria foi seguida por bens de consumo duráveis (+12,0%), bens intermediários (+9,9%) e bens de consumo semi e não duráveis (+6,2%).