O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial feita em abril: de 3,6% para 3,2%, segundo a atualização do relatório WEO (World Economic Outlook), divulgada hoje. Em 2021, o PIB mundial havia crescido 6,1%.
O FMI também revisou o crescimento do PIB de forma individual para regiões e países. Veja abaixo como esses índices mudaram da edição do WEO de abril para a atualização de julho:
– economias avançadas: de 3,3% para 2,4%;
– economias emergentes: de 3,8% para 3,6%;
– Estados Unidos: de 3,7% para 2,3%;
– Eurozona: de 2,8% para 2,6%;
– Alemanha: de 2,1% para 1,2%;
– Reino Unido: de 3,7% para 3,2%;
– Japão: de 2,4% para 1,7%;
– China: de 4,4% para 3,3%;
– Brasil: de 0,8% para 1,7%.
Segundo o relatório, as crises da economia da China e a guerra na Ucrânia vêm acarretando uma alta na inflação no mundo de forma geral. “Alimentos e energia com preços mais altos, restrições de oferta em muitos setores e um reequilíbrio da demanda de serviços na maioria das economias aumentaram a inflação “, informa o relatório.
Já para 2023, o FMI também revisou para baixo a estimativa de crescimento do PIB: de 3,6% para 2,9%. “A revisão para baixo no crescimento dos preços globais durante 2022 e 2023 vem de uma desaceleração mais acentuada na China devido a bloqueios prolongados, aperto das condições financeiras globais associadas a expectativas de aumentos mais acentuados das taxas de juros pelos principais bancos para aliviar a pressão inflacionária e repercussões da guerra na Ucrânia”.
Para o FMI, a principal prioridade política é trazer a inflação sob controle, porque a estabilidade de preços é o que promove um crescimento duradouro da economia e dá estabilidade financeira. Assim, segundo a instituição, a combinação apropriada de políticas monetárias, fiscais e estruturais para reduzir a inflação difere entre as economias, dependendo das fontes e extensão das pressões sobre os preços.
“À medida que as taxas de juros sobem, as instituições financeiras ganham com o lucro líquido mais alto, mas sofrem perdas com a diminuição dos empréstimos e o aumento das taxas de inadimplência. O equilíbrio entre esses fatores determinará a saúde do setor financeiro e o uso adequado de ferramentas macroprudenciais”.
O FMI salienta que a redução no crescimento é mais acentuada nas economias avançadas. As causas são variadas. No caso dos Estados Unidos, é o aperto da economia monetária e o arrefecimento do consumo; na Eurozona, são os efeitos da guerra na Ucrânia com a redução na importação de gás da Rússia.
Já a China tem a diminuição no ritmo de crescimento por conta dos efeitos das restrições da Covid-19 na cadeia de suprimentos. O Japão enfrenta o enfraquecimento do iene, embora o Banco do Japão (BoJ) não tenha alterado as taxas básicas de juros. O Brasil teve uma revisão de crescimento para cima, de 0,8% para 1,7% – que segue a tendência da América Latina. Neste caso, o FMI aponta uma recuperação econômica mais robusta como a responsável pela alta.
O FMI também destaca que recuperar a estabilidade de preços deve acontecer de forma simultânea à proteção da população mais vulnerável. “Preocupações em proteger os mais vulneráveis e diminuindo o custo econômico, além de limitar o impacto nos preços dos ativos, pode parecer um motivo válido para apertar a política monetária mais lentamente”, informa o relatório.
No processo de desinflação, os países devem se preocupar com o impacto a estas mesmas populações. “A política fiscal tem um papel especial a desempenhar, amortecendo os mais vulneráveis do impacto do necessário arrefecimento da atividade econômica através de medidas orientadas e transferências fiscais temporárias”.
Por fim, os desafios futuros da economia mundial para o segundo semestre de 2022 e 2023 são lidar com a redução do uso de combustíveis fósseis, inflação alta e resistente, condições econômicas mais apertadas, instabilidade financeira, crise de energia e alimentos e os efeitos da pandemia da Covid-19.