O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou a previsão de crescimento do PIB mundial de 2023, feita em abril, em 0,2%, que agora está em 3%, segundo o World Economic Outlook (WEO), relatório que é lançado duas vezes ao ano, e divulgado hoje (10), no qual a entidade analisa as perspectivas da economia global e faz estimativas de crescimentos para os anos seguintes. Para 2024, o PIB mundial deverá ser de 2,9%, queda de 0,1% em relação ao relatório de abril.
Segundo o relatório, a economia global continua se recuperando lentamente dos golpes da pandemia, da invasão da Ucrânia pela Rússia e da crise do custo de vida. Em retrospectiva, a resiliência tem sido notável.
Apesar da perturbação nos mercados energéticos e alimentares causada pela guerra, e do aperto sem precedentes das condições monetárias globais para combater a inflação elevada em décadas, a economia global abrandou, mas não estagnou. No entanto, o crescimento continua lento e desigual, com divergências globais crescentes. A economia global está mancando e não acelerando, diz um trecho do documento.
O WEO aponta que os riscos para o crescimento estão mais equilibrados do que os vistos na edição de abril, por conta da resolução das tensões do teto da dívida nos Estados Unidos e da crise no setor bancário. Por outro lado, há a crise no setor imobiliário chinês. Já do lado da inflação, há riscos de aumento nos índices de preços ao consumidor no curto prazo.
As expectativas de inflação a curto prazo aumentaram e poderão contribuir juntamente com mercados de trabalho restritivos para que as pressões inflacionistas subjacentes persistam e exijam taxas de juros mais elevadas do que o esperado.
Isso se dá em parte por conta da recuperação do consumo privado, que tem sido mais rápido nas economias avançadas do que nas em desenvolvimento, por conta da reabertura mais precoce no primeiro grupo, facilitada por uma maior disponibilidade de vacinas eficazes, redes de segurança mais fortes, estímulos políticos mais amplos e maior viabilidade do trabalho remoto.
Houve também redução da poupança feita na época da pandemia. Isto implica menos recursos para as famílias utilizarem. uma vez que enfrentam um custo de vida ainda elevado e uma disponibilidade de crédito mais restrita no contexto do aperto monetário destinado a reduzir a inflação.
A recuperação do setor de serviços se mantém, mas com uma força menor. A recuperação das viagens durante os anos 2021 e 2023 resultou de um crescimento econômico especialmente forte em economias com uma grande percentagem de atividades turísticas no PIB. Mas com o amadurecimento da recuperação do turismo, o impulso ao crescimento está diminuindo.
Já do lado da indústria, há um abrandamento persistente no crescimento pós-pandemia. Esta fraqueza reflete os efeitos combinados da mudança pós-pandemia no consumo de volta aos serviços, da procura mais fraca decorrente de um custo de vida mais elevado, do fim do apoio político à crise, das condições de crédito mais restritivas e da incerteza geral num contexto de fragmentação geoeconômica intensificada.